O site Fandango, que domina a venda de bilhetes online nos EUA e está a expandir o seu negócio para conteúdos de vídeo e download, anunciou a compra dos sites Rotten Tomatoes e Flixster.
Na prática, o negócio junta na web grandes estúdios de Hollywood: os dois negócios digitais pertenciam à Warner Bros, que faz parte da Time Warner, que com esta compra se tornará acionista minoritário do Fandango, que, por sua vez, faz parte da Universal Filmed Entertainment Group, englobada na Comcast.
Não é menos relevante que a combinação dos 40,3 milhões de pessoas a quem o Fandango chegou em janeiro e os 19,4 milhões de visitantes do Rotten Tomatoes e do Flixster fica mais perto do líder do mercado, o Internet Movie Database (IMDB), que teve 73,8 milhões de visitantes únicos no último mês e pertence à Amazon.
Paul Yanover, presidente do Fandango, salientou que "é quase evidente" como o Rotten Tomatoes, que agrega de forma independente as críticas e opiniões de cinema, e se tornou um instrumento valioso consultado por milhões de pessoas antes de decidirem que filme vão ver, "é bom para o nosso negócio".
Por sua vez, o Flixster oferece uma série de informações sobre filmes e horários que o Fandango já fornece, mas "a um público largamente diferente". "Juntamos tudo e rapidamente aumentamos a venda de bilhetes", acrescentou o mesmo responsável.
No entanto, já existe quem tema pelo fim do Rotten Tomatoes tal como o conhecemos: os seus "ratings" podem ajudar a afundar um filme nas bilheteiras e o Fandango tem como principal negócio vender bilhetes de cinema e dois estúdios de Hollywood como acionistas. E como descobriu o FiveThirtyEight, o seu sistema de ratings dos filmes é um dos mais favoráveis da internet.
Alertado por um colega que viu que um mau filme tinha uma boa classificação no Fandango, o analista Walt Hickey fez um estudo detalhado que concluiu que é praticamente impossível um filme no Fandango na atualidade ter menos de três estrelas no sistema que vai de zero a cinco.
Nos dados de 510 filmes que tiveram bilhetes à venda nos primeiros nove meses de 2015, descobriu-se que, dos 437 com pelo menos uma crítica, 98% tinham três estrelas ou mais e 75% conseguiam mesmo chegar às quatro ou mais. E pegando nos 209 com 30 classificações ou mais, nenhum tinha menos de três e 78% tinham quatro ou mais de classificação.
Por exemplo, "Quarteto Fantástico", um filme de que poucos gostaram e que foi um gigantesco fracasso comercial, tinha um rating de três estrelas.
Hickey descobriu que isto acontecia porque o Fandango estava a inflacionar as classificações: "Ted 2" surgia com 4,5, mas no código fonte da página a classificação real era de 4,1.
Questionado sobre a situação no geral, o Fandango alegou que arredondava as classificações para a meia estrela mais próxima e desta forma um filme com 3,6 apareceria com quatro.
Alertado para o facto de um filme com 4,1 ser arredondado para 4,5 e não quatro, a empresa atribuiu a causa a um bug informático que teria de ser resolvido.
"Quarteto Fantástico" surge agora com 2,5 estrelas, mas basta uma rápida pesquisa pelos filmes disponíveis no sistema para concluir que no Fandango dificilmente se encontra um título que não tenha uma pontuação razoável.
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