Antes de se tornar a "estrela" principal do movimento #MeToo em 2017 e ser condenado em 2020 a 23 anos de prisão por crimes sexuais, o produtor Harvey Weinstein já tinha a reputação de ser uma pessoa sem escrúpulos em Hollywood.
Uma das histórias que circulavam nos bastidores foi agora revelada pelo realizador, argumentista e ator Kevin Smith no seu novo livro "Kevin Smith’s Secret Stash": o antigo produtor sabotou o filme "O Bom Rebelde" nas bilheteiras de cinema para não pagar mais dinheiro a Robin Williams.
Falecido em 2014, a participação do ator foi essencial para dar luz verde ao filme de 1997, escrito e protagonizado por uns praticamente desconhecidos Matt Damon e Ben Affleck, com um orçamento de 10 milhões de dólares, além de lhe dar visibilidade para o tornar um sucesso de bilheteira e colocá-lo na corrida aos Óscares.
Grande amigo dos atores principais, Kevin Smith entrou como co-produtor executivo do filme, o que lhe dava a acesso a algumas informações, nomeadamente a de que o contrato de Robin Williams previa o bónus de uma percentagem maior das receitas de bilheteira nos EUA após passar a marca dos 100 milhões de dólares.
Para evitar dividir as receitas, Harvey Weinstein decidiu começar a tirar o filme prematuramente dos cinemas.
Numa entrevista ao Daily Beast, Kevin Smith recordou essa parte do livro e esclareceu que não tem a certeza se a divisão das receitas por cada dólar era 50/50, mas recorda-se do dia em que "O Bom Rebelde" começou a ser retirado dos cinemas e como achou esquisito por estar na corrida aos Óscares com nove nomeações e ainda a arrecadar bastantes receitas.
"E fizeram-se porque mantê-lo nos cinemas significava que mais das receitas iria para o Robin, quando a partir do momento em que fosse para vídeo a divisão não era tão pesada a favor dele. [O filme] foi paralisado por causa da ganância", explicou.
De facto, a consulta dos dados disponíveis no site BoxOfficeMojo confirma que "O Bom Rebelde" começou a perder salas abruptamente entre os fins de semana de 27 de fevereiro a 1 de março e 6 a 8 de março, quando as receitas passaram de 96,3 para 103,4 milhões de dólares.
A "sangria" de salas manteve-se semana após semana, mesmo após o filme ganhar dois Óscares na cerimónia de 23 de março (para Robin Williams como ator secundário e o argumento original dos atores).
Apesar disso, a sua popularidade fez com que a quebra de receitas semana após semana fosse muito menor do que a do número de salas: antes de Harvey Weinstein conseguir o que queria, a bilheteira americana chegou aos 138,4 milhões de dólares.
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