A programação da edição deste ano foi divulgada por João Ferreira, diretor do festival, e Nuno Galopim, programador, numa conferência de imprensa, em Lisboa, onde foi anunciado que, em outubro, haverá uma extensão do festival no Porto.
Uma retrospetiva dedicada ao cinema de
John Waters, um programa especial sobre África e uma secção Panorama, com uma seleção de títulos significativos produzidos pelo cinema «queer» no último ano, são outros dos destaques desta 18.ª edição. Figura de culto do universo «queer-trash», o norte-americano John Waters será um nome em foco num programa que recupera cinco títulos de referência da primeira fase da sua filmografia, a serem exibidos na Cinemateca Portuguesa.
Entre os títulos desta retrospetiva conta-se «Polyester» (1981), filme em cuja estreia foram distribuídos entre os espectadores «cartões-raspadinha» que replicavam alguns dos odores menos convencionais do filme. A experiência vai ser recuperada pelo Festival Queer Lisboa, distribuindo o cartão «Odorama» entre o público.
Este ciclo dedicado ao cinema de John Waters inclui ainda os filmes «Pink Flamingos» (1972), «Female Trouble» (1974), «Desperate Living» (1977) e «Hairspray» (1988), este o seu último trabalho com Divine (1945-1988), ator, cantor e «drag queen» que morreria poucos dias após a estreia do filme nos Estados Unidos.
Esta retrospetiva será exibida também a 03 e 04 de outubro, no Porto, na Casa das Artes, numa colaboração do Queer Lisboa com o Cineclube do Porto e a Direcção Regional de Cultura do Norte.
De acordo com a organização, esta colaboração constitui uma das novidades do festival: a partir de 2015, a Casa das Artes passará a acolher o Queer Porto, com a sua primeira edição agendada para a primeira semana de outubro.
Realizador premiado em edições anteriores do festival, António da Silva, um dos nomes que se tem destacado no cinema queer português contemporâneo, com «curtas» como «Julian», «Ginger» ou «Daddies», terá, nesta edição do Queer Lisboa, uma série de filmes em estreia nacional. São eles «Beach 19», «Cariocas», «Nudes Dudes», «PIX», enquanto «Dancers» será apresentado na versão explícita.
Este ano a secção Queer Focus é dedicada ao continente africano - numa parceria com a plataforma Africa.Cont - reunindo uma filmografia de produção exclusivamente africana que revela questões políticas e culturais do continente, assim como as formas como o seu cinema tem lidado com as questões ligadas à sexualidade e ao género. Serão recuperados alguns clássicos, como o senegalês «Touki Bouki», realizado por Djibril Diop Mambety, de 1973, numa cópia em 35mm recentemente recuperada pela Cinemateca de Bolonha.
Outros destaques deste programa são «Woubi Chéri», de Philip Brooks e Laurent Bocahut (Costa do Marfim, França), «2 Men and a Wedding», de Sara Blecher (África do Sul), «Mercedes», de Yousry Nasrallah (Egipto, França), e «Dakan», de Mohamed Camara (Guiné).
A secção Panorama, que elege longas-metragens fora de competição consideradas merecedoras de destaque no panorama internacional, vai exibir «Elaine Stritch: Shoot Me», de Chiemi Karasawa, «La Partida», de Antonio Hens, e «Eastern Boys», de Robin Campillo.
No ano em que completa 18 anos de vida, o Festival Queer lançará ainda o livro «Cinema e Cultura Queer», organizado por António Fernando Cascais e por João Ferreira, que reúne uma série de ensaios assinados por colaboradores do Queer Lisboa, outros autores convidados e jornalistas. O livro, único no seu género em Portugal, segundo a organização, será uma edição bilingue, portuguesa e inglesa, recuperando a história do cinema queer em Portugal, e fazendo uma exaustiva análise dos seus principais filmes e realizadores.
A obra será lançada a 13 setembro, em Lisboa, no Museu do Chiado, e a 03 de outubro, no Porto, na Galeria Wrong Weather.
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