Corpos a flutuar, espaços apertados, a "gíria" dos astronautas: a equipa russa que filmou o primeiro filme de ficção no espaço teve de se adaptar às realidades descobertas "lá em cima" - contou o seu realizador esta terça-feira.
Klim Shipenko e a atriz também russa Yulia Peresild voltaram à Terra no domingo, depois de 12 dias a bordo da Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês), antecipando um projeto semelhante da vedeta norte-americana Tom Cruise.
"As circunstâncias que descobrimos em órbita forçaram-nos a mudar o argumento", admitiu Shipenko durante a primeira conferência de imprensa da equipa desde o seu regresso.
"Quando se está na Terra, imagina-se uma cena entre duas personagens e uma de frente para a outra. Mas, lá em cima, uma deles fica de pé na vertical, e a outra de cabeça para baixo, enquanto a câmra flutua na sua própria direção", explica.
E, sem contar o pequeno set de filmagem, "foi um verdadeiro desafio", acrescentou Shipenko, falando de um centro de treino de astronautas perto de Moscovo, onde a tripulação está a reajustar-se à vida na Terra.
O argumento do filme também evoluiu, graças aos conselhos dados pelos astronautas russos da ISS, que também participaram como figurantes, e adaptaram os diálogos "para serem mais naturais", segundo o realizador.
"Lá em cima entendi que, se tivesse filmado na Terra, teria sido um filme diferente. Em órbita, o espaço é que manda", destacou o cineasta.
"Os filmes espaciais têm que ser filmados no espaço", concluiu.
Provisoriamente intitulado "O Desafio", o filme russo conta a história de uma cirurgiã a bordo da ISS para salvar a vida de um astronauta.
A data de lançamento será anunciada no início de 2022.
A equipa filmou durante quase 30 horas, que serão reduzidas para meia hora.
Peresild e Shipenko disseram também que ficaram impressionados com a atmosfera calorosa a bordo da ISS, onde astronautas ocidentais, russos e japoneses estão atualmente a trabalhar.
Comentários