Ausências, atrasos e vícios estragaram a carreira de Johnny Depp em Hollywood ainda antes das acusações de violência doméstica feitas pela ex-mulher Amber Heard terem vindo a público, explicaram antigos membros da sua equipa esta quinta-feira no processo de difamação onde os dois atores se enfrentam.

Tracy Jacobs representou Depp durante 30 anos, até ser despedida em 2016, quando ele alegou que foi uma das pessoas que prejudicaram os seus interesses num processo contra os antigos gestores dos seus rendimentos.

"Só sei que ele afastou praticamente toda a gente na sua vida, portanto suponho que fui na onda", declarou durante um depoimento gravado a primeira mulher a tornar-se membro do conselho de administração de uma grande agência de talentos e que continua a ser um dos maiores nomes da sua profissão em Hollywood.

A agente testemunhou que Depp se tornou a certa altura "a maior estrela do mundo" e era "extraordinariamente talentoso", mas viu o seu comportamento nos últimos dez anos tornar-se cada vez mais problemático.

Tracy Jacobs explicou que as equipas envolvidas na rodagem dos filmes adoravam o ator, mas não a parte das "horas e horas à espera que aparecesse a estrela do filme".

"Também se espalhou pela cidade. Isto é, as pessoas falam, é uma comunidade pequena e isto fez as pessoas ficarem relutantes em procurá-lo perto do final [quando a carreira em Hollywood parou com as acusações de Amber Heard]", acrescentou.

O depoimento de Tracy Jacobs

Os jurados ouviram que o valor de Depp como estrela decaiu "por se ter tornado cada vez mais difícil arranjar-lhe trabalhos graças à reputação que adquiriu devido aos atrasos e... outras coisas".

Era a agente que tinha de tentar remediar os estragos: "Gritavam comigo. Nunca lhe disse 'És um cliente complicado', mas fui muito honesta com ele e disse 'Tens de parar de fazer isto, está a prejudicar-te'... e prejudicava".

Durante a rodagem de "Piratas das Caraíbas: Homens Mortos Não Contam Histórias" (2017), o quinto e último filme da saga, ela diz que teve de viajar para a Austrália para falar com o ator sobre "os atrasos e ausências" da rodagem. E disse acreditar que a sua falta de profissionalismo era provocada pelo aumento do consumo de drogas e álcool.

Os jurados também viram o depoimento em vídeo de Joel Mandel, antigo gestor de negócios do Depp.

Ele e o irmão foram processados pelo ator em 2017, que os acusou de terem administrado mal o seu dinheiro, fazendo empréstimos sem a sua autorização e ocultando a degradação das suas finanças, desaparecendo quase tudo o que juntou: 650 milhões de dólares (as duas partes chegaram a um acordo amigável confidencial em 2018, antes do caso chegar a julgamento).

Joel Mandel testemunhou que o ator se tornou "menos contido" ao longo dos anos, gastava milhares de dólares em medicamentos prescritos e as despesas se tornaram "alarmantes" depois de 2011. Também "deixou de se ralar" se ficava zangado ou atacasse as pessoas.

O antigo gestor da estrela também repetiu que as alegações de que se tornara complicado trabalhar com o ator e a carreira estava em decadência.

Tudo o que se passa à frente e atrás das câmaras!

Receba o melhor do SAPO Mag, semanalmente, no seu email.

Os temas quentes do cinema, da TV e da música!

Ative as notificações do SAPO Mag.

O que está a dar na TV, no cinema e na música!

Siga o SAPO nas redes sociais. Use a #SAPOmag nas suas publicações.