O chefe de conteúdos da Netflix mostrou-se surpreendido por ter surgido um debate sobre censura à volta do filme francês "Mignonnes: Primeiros Passos".
Também conhecido como "Cuties" e "Guapis”, o filme conta a história de Amy, uma parisiense de 11 anos que tem de navegar entre as regras rígidas da sua família senegalesa e a tirania da aparência nas redes sociais, a que estão expostas as jovens da sua idade.
Amy faz parte de um grupo de dança formado por outras três raparigas do seu bairro, cujas coreografias às vezes são sugestivas, como as de muitas estrelas da música pop da atualidade.
Existem momentos que podem indiciar hipersexualidade dos adolescentes, mas não há cenas de sexo explícito, real ou simulado, nem se exibem imagens dos órgãos sexuais dos atores.
No entanto, os seus críticos alegam que o filme sexualizava as crianças e no início de setembro apelaram ao boicote da Netflix.
Durante a conferência virtual Mipcom esta segunda-feira (12), Ted Sarandos defendeu o filme da realizadora Maïmouna Doucouré e notou que "é um bocado surpreendente estarmos a ter um debate sobre censurar histórias na América de 2020".
As declarações surgem na sequência de uma acusação que vai avançar no estado do Texas a acusar a plataforma de "promover conscientemente material visual que retrata a exibição obscena dos genitais ou da área púbica de uma criança vestida ou parcialmente vestida que tinha menos de 18 anos de idade na época em que o material visual foi criado, que apela ao interesse lascivo por sexo, e não tem qualquer valor sério, literário, artístico, político ou científico".
O chefe de conteúdos da Netflix e Co-CEO da Netflix contrapõe: "Trata-se de um filme muito incompreendido por alguns públicos, exclusivamente nos EUA. O filme fala por si. É um filme de amadurecimento muito pessoal, é a história da realizadora e obviamente foi muito bem recebido em [festival] Sundance, sem nenhuma polémica, e foi exibido nos cinemas por toda a Europa sem nenhuma destas polémicas".
Ted Sarandos não falou da origem da primeira onda de críticas em agosto, quando a Netflix foi obrigada a retirar um poster considerado "inadequado" e pediu desculpa à realizadora, que recebeu ameaças de morte, mas deixou claro que a plataforma nunca tentou fazer qualquer alteração ao filme antes do seu lançamento.
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