Vilmos Zsigmond, vencedor do Óscar de Melhor Fotografia por "Encontros Imediatos do 3º Grau", de Steven Spielberg, de 1977, faleceu no primeiro dia do ano, informaram hoje vários colegas de profissão. Tinha 85 anos.

"Asfalto Quente" (1974), o primeiro filme de Spielberg, "A Noite Fez-se Para Amar" e "O Imenso Adeus", ambos de Robert Altman (1970 e 1973), "Fim-de-Semana Alucinante", de John Boorman (1972), "O Espantalho", de  Jerry Schatzberg (1973), "Obsessão" (1977), de Brian De Palma, e o Óscar de Melhor Filme "O Caçador" (1978), foram títulos icónicos que contribuíram para que fosse eleito um dos 10 mais influentes diretores de fotografia na história do cinema numa sondagem em 2003 junto do profissionais do setor.

Para além de "O Caçador", foi ainda nomeado para os prémios da Academia por "O Rio" (Mark Rydell, 1984) e "A Dália Negra" (Brian De Palma, 2006).
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"Hoje, o mundo da fotografia perdeu um grande talento", salientou  Stephen Poster, presidente do sindicato norte-americano dos diretores de fotogrfia. "O génio de Vilmos não estava apenas nas suas imagens, mas no seu sentido de dever para contar histórias de forma honesta. Como um dos nossos mais estimados membros, Vilmos era uma inspiração e mentor para muitos de nós."

"O seu corajoso começo, fornecendo imagens da revolução húngara, será sempre uma parte importante do seu legado", foi ainda recordado.

De facto, Zsigmond, nascido na Hungria em 1930, onde frequentou a escola de cinema e depois começou a trabalhar, documentou os acontecimentos políticos do seu país, mas quando as tropas da União Soviética invadiram o seu país em 1956, receou que as imagens fossem usadas como pretexto para o enviar "para a Sibéria ou outro lugar", pelo que fugiu para o Ocidente.

Já nos EUA, começou a trabalhar como diretor de fotografia em produções de baixo orçamento até que a curta-metragem "Prelude" (1968) foi nomeada para os Óscares e chamou a atenção de Peter Fonda, que estava no auge da fama graças a "Easy Rider" e o chamou para rodar "O Regresso" (1971).

Foi no mesmo ano de "A Noite Fez-se Para Amar", onde ficou célebre a fotografia melancólica feita cores dessaturadas, a que se sucederam vários títulos hoje considerados essenciais do cinema americano da década de 1970 e o tornaram um dos profissionais mais procurados de Hollywood.

Foi ainda o responsável pela fotografia de "As Portas do Céu" (Michael Cimino, 1980) e "Blow Out - Explosão" (Brian De Palma, 1981), após o que começou a trabalhar em filmes mais pequenos.

"As Bruxas de Eastwick" (George Miller, 1987), "Maverick" (Richard Donner, 1994), "Acerto Final" (Sean Penn, 1995), "Caçadores na Noite" (Stephen Hopkins, 1996), "Uma Casa, uma Vida" (Irwin Winkler, 2001), "Melinda e Melinda" (2006), "O Sonho de Cassandra" (2007) e "Vais Conhecer o Homem dos Teus Sonhos" (2010), todos de Woody Allen, foram outros dos seus trabalhos.

Vilmos Zsigmond orgulhava-se de que a fotografia de todos os seus filmes fosse diferente entre si e questionado recentemente sobre o seu estilo, descreveu-o como "realismo poético. Não me quero contentar apenas por filmar a realidade, quero que seja mais do que isso. Mais beleza do que realidade."