A mostra açoriana de cinema Imprópria, que se centra na igualdade de género, vai contar na terceira edição com 22 curtas e uma longa metragem, entre 18 a 24 de outubro, foi divulgado esta terça-feira pela organização, em Ponta Delgada.

Bruno Moreira, da Associação Cultural Silêncio Sonoro, referiu que se registaram 1.360 candidaturas de filmes, tendo considerado a mostra “muito eficaz para debater estes tópicos” da igualdade do género, bem como uma forma de dar visibilidade às entidades que trabalham nestas áreas.

O responsável falava na apresentação, no Teatro Micaelense, do programa da Imprópria, uma “mostra de cinema de igualdade de género e assume-se como um evento cultural, de intervenção social, e de cariz colaborativo, que ambiciona influenciar e educar um público heterogéneo quanto à idade e ao nível sociocultural para a igualdade de género”.

Joana Aman, da organização do evento, considerou que a Imprópria surge para “lutar pela igualdade de género, havendo ainda um longo caminho a percorrer”.

O objetivo, disse, é “trazer estes temas e por algumas pessoas a tomar consciência do fenómeno, havendo mesmo muitas, inclusive mulheres, que acham que isso não existe”.

A responsável destacou que, nos Açores, há uma “sociedade algo conservadora, onde existe muito machismo, onde os índices da violência doméstica, de género, são realmente superiores aos do continente de Portugal e muito elevados relativamente às médias europeias, havendo que apostar neste tipo de intervenção”.

Joana Aman referiu que o festival contempla, para além dos filmes a exibir, homenagens a dois ativistas da igualdade de género, designadamente Paula Simões, que se autointitula como “brincola ou multiartista”, a par de Miguel Vale de Almeida, antropólogo, investigador e antigo deputado à Assembleia da República.

Para além da exibição das curtas no Teatro Micaelense, a Imprópria contempla pela segunda vez um programa de intervenção social e comunitária, com o apoio da Direção Regional Para a Promoção da Igualdade e Inclusão Social.

A diretora regional, Tânia Fonseca, presente na cerimónia, destacou o papel da cultura como instrumento para levar a problemática da igualdade de género ao público, bem como promover os direitos humanos.

Tânia Fonseca considerou a organização do evento como um “parceiro de intervenção social” no quadro da Estratégia Regional de Combate à Pobreza e Exclusão Social.

O programa de intervenção social e comunitária da Imprópria vai promover a apresentação de curtas metragens relacionadas com a igualdade de género e seu debate em freguesias consideradas prioritárias na Estratégia Regional de Combate à Pobreza e Exclusão Social, como as freguesias dos Arrifes, Fenais da Ajuda, Rabo de Peixe e Água de Pau, todas na ilha de São Miguel, a par da Terra Chã, na ilha Terceira.

O programa contempla ainda um roteiro fotográfico de Eduardo Leal sobre as mulheres açorianas na pesca.