A exposição “1907-1914: a primeira era de ouro do cinema francês na coleção de cartazes do Museu Municipal de Faro” mostra parte do espólio de Joaquim António Viegas, natural de Faro e que ao longo da sua vida colecionou cartazes de cinema, circo e publicidade, doados mais tarde pelo seu filho ao museu.

Entre os cartazes, alguns de grandes dimensões, estão contemplados vários géneros cinematográficos, desde a comédia, ao policial e histórico bíblico, passando também pelos filmes de artes, inspirados em dramas teatrais e obras literárias, como o que anuncia o filme “Os Miseráveis”, baseado na obra de Victor Hugo.

Segundo o comissário científico da exposição, Jorge Carrega, o filme inspirado na obra do escritor francês do século XIX foi um verdadeiro ‘blockbuster’ do início do século XX, tendo-se estreado em Paris em 03 de janeiro de 1913 e em Faro apenas nove semanas depois, em meados de março.

O investigador do Centro de Investigação em Artes e Comunicação (CIAC) da Universidade do Algarve contou que encontrou referência à estreia do filme, composto por quatro partes, nos jornais da época.

O filme “Os Miseráveis” foi exibido naquela que foi a principal sala de cinema deste período em Faro, o Theatro Circo, inaugurado em 11 de dezembro de 1909, com capacidade para mais de 1000 espectadores.

O diretor do Museu Municipal de Faro, Marco Lopes, sublinha que nas décadas de 1910 e 1920 havia uma “elite intelectual” na cidade que assistia a ópera, recitais e exposições, “um fervilhar artístico e cultural de que poucas pessoas fazem ideia”.

O acervo dos cerca de 300 cartazes, devido à sua “raridade e excelente estado de conservação”, encontra-se em processo de classificação para tesouro nacional, tendo já merecido um parecer positivo da Cinemateca Portuguesa, contou Marco Lopes.

O colecionador dos cartazes, Joaquim António Viegas, foi um pintor e cenógrafo que trabalhou em várias salas de espetáculos de Lisboa e do Porto, incluindo alguns dos primeiros cinemas do país, como o Chiado Terrasse (Lisboa) ou o salão High Life (Porto).

Nestes espaços, onde se realizavam espetáculos de variedades, circo e animatógrafo, o artista e colecionador recolheu 141 cartazes de cinema (datados de 1904 a 1916), entre os quais 70 exemplares franceses, para além de outros, de cinema italiano, escandinavo e norte-americano.

O diretor do Museu Municipal de Faro revelou ainda que está a ser preparada uma exposição com o acervo pessoal do colecionador, prevista para o próximo ano.

A inauguração da exposição está marcada para sábado às 18h00, dia em que é também lançado um catálogo alusivo à exposição com um estudo que dá a conhecer uma investigação de Adelaide Ginga, Marta Mestre e Jean-Louis Capitaine.

A exposição, que terá uma programação paralela, com a exibição de filmes, palestras e oficinas, estará patente até ao dia 2 de janeiro.

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