O diretor chileno Pablo Larraín entrou, nesta quarta-feira, na lista dos favoritos ao Leão de Ouro no Festival de Veneza ao explorar o mito de Jacqueline Kennedy em "Jackie", um filme que conta com a magnífica representação de Natalie Portman.
"Jackie" relata os quatro dias posteriores ao assassinato em 1963 do presidente americano John F. Kennedy pelo olhar da sua esposa Jackie, testemunha da dramática morte do governante em Dallas, um facto que marcou a história do século XX.
"Não quis ser famosa, é que sou uma Kennedy", confessa Jackie ao padre antes do solene e espetacular funeral com cavalos e procissão que lutou para obter, resumindo o papel complexo e difícil que a história deu à viúva do então presidente mais poderoso do mundo.
Para muitos, a interpretação de Portman pode não apenas render o prémio de melhor atriz em Veneza, mas também o seu segundo Óscar de interpretação, depois do que obteve em 2011 por "Cisne Negro".
"É um filme redundante, com uma Portman espetacular", comentou à AFP o crítico italiano da RaiNews, Francesco Gatti, após a primeira exibição à imprensa.
Pablo Larraín, 40 anos, vencedor em 2015 do Urso de Prata do Festival de Berlim com "O Clube", sobre a pedofilia dentro da Igreja, chega assim a Hollywood e ao mercado americano com um filme rodado em inglês que encara um ídolo enigmático e complexo.
A linguagem pouco convencional de Larraín, o seu conhecido ritmo angustiante ao ritmo da música obsessiva de Mica Levi, a excelente fotografia do francês Stephane Fontaine e a atuação da atriz americana confirmam o talento do cineasta chileno.
Recebido com aplausos e algumas poucas vaias, "Jackie" parte de uma entrevista concedida depois da morte do seu marido a um jornalista, usa 'flashbacks' do momento do atentado e mostra como esta mulher culta e subestimada se transformou em alguém cínico e frio para defender a imagem do seu marido.
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