Barahona é sócio da Refinaria Filmes, reside entre Brasil e Portugal, e tem concretizado coproduções que retratam essa ligação entre os dois países, como foi o caso de “Estive em Lisboa e lembrei de você”, estreado em 2016.
“Náufragos” conta a história de escravos negros e de portugueses e brasileiros brancos que sobreviveram a um naufrágio, e vão dar a uma ilha deserta.
"Aborda esse tema delicado e importante da escravidão, que precisa ainda de ser muito discutido e tratado, tanto no Brasil, como em Portugal", afirmou Carolina Dias, sócia e produtora da Refinaria Filmes.
Tendo em conta a relação entre os dois países e África, principalmente Angola, de onde eram provenientes muitos dos escravos levados para o Brasil, a produtora brasileira convidou José Eduardo Agualusa, um escritor angolano com fortes ligações a Portugal e ao Brasil, para escrever o argumento, juntamente com Barahona.
"Este olhar cruzado está a ser uma experiência muito enriquecedora para o projeto. O filme também será uma coprodução com Portugal e provavelmente um terceiro país", adiantou Carolina Dias à agência Lusa.
Este ano, a Refinaria Filmes, que tem "Raiva", de Sérgio Tréfaut, a chegar às salas brasileiras na próxima quinta-feira, vai ainda estrear uma outra coprodução luso-brasileira, "Pedro e Inês", o filme português mais visto em Portugal, em 2018.
"Temos a expectativa de que 'Pedro e Inês', que no Brasil ganhou o subtítulo 'O amor não descansa', também conquiste o público brasileiro como aconteceu em Portugal. A história de Pedro e Inês não é tão conhecida do público brasileiro, mas o filme tem diversas características que atraem o público: a história de amor, a história de Portugal, a relação com o contemporâneo, o drama de um amor não consentido", detalhou Carolina Dias.
A produtora brasileira prevê que o filme seja lançado no Brasil, no início do segundo semestre de 2019.
A anterior longa-metragem de ficção de Barahona, "Estive em Lisboa e lembrei de você", foi apresentada no festival IndieLisboa, em maio de 2016, e chegou às salas portugueses em setembro desse ano. Inspirado no romance de Luiz Ruffato, fala de um emigrante brasileiro, que encontra em Portugal uma realidade diferente da esperada.
Este ano, além dos lançamentos portugueses no Brasil, a Refinaria Filmes conta também com a estreia comercial em Portugal, em maio, do documentário “Alma Clandestina”, de José Barahona, uma "biografia emocional" da ativista brasileira Maria Lara Barcellos, vítima da ditadura militar (1964-1985).
O documentário foi exibido no ano passado, em Portugal, no âmbito do festival DocLisboa.
"A Refinaria Filmes vai assim concretizando o seu objetivo de trabalhar nessa ponte entre Brasil e Portugal, tanto na produção de filmes, como na [sua] exibição, entre os dois países", concluiu Carolina Dias.
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