Numa Hollywood que adora fazer sequelas, está em preparação uma improvável: a de "Senhor da Guerra", um filme que passou praticamente despercebido do grande público quando chegou aos cinemas em 2005.
O 'thriller' contava a história da ascensão de Yuri Orlov (Nicolas Cage), que começou por vender armas a pequenos gangsters de bairro em Little Odessa, nos EUA, no início dos anos 80, antes de se tornar, na década seguinte, e em sociedade com o irmão mais novo (Jared Leto), um importante 'dealer' neste mundo obscuro.
Penetrando em algumas das mais mortais zonas de guerra, Yuri Orlov estava sempre um passo à frente de um idealista agente da Interpol (Ethan Hawke), dos seus rivais no negócio e até mesmo dos seus clientes, onde se incluem os mais famosos ditadores... e, sempre que fosse conveniente, dos governos e agências secretas das super potências.
Pela sua atualidade e realista, o filme inspirado por factos verídicos foi ganhando reputação com o passar dos anos: a grande inspiração eram as atividades "internacionais" de Viktor Bout, que viria a ser extraditado em 2010 para os EUA e condenado a 25 anos de prisão, acabando por ser trocado em dezembro do ano passado com a atleta de basquetebol Brittney Griner, que era prisioneira na Rússia.
Nicolas Cage voltará a colaborador com o argumentista e realizador Andrew Niccol numa sequela que se vai chamar "Lords of War" ["Senhores da Guerra", em tradução literal], o que é apropriado para a nova história: Yuri descobre que tem um filho (papel de Billy Skarsgård) que não só está longe de tentar redimir o passado do pai no mundo das armas, mas parece querer superá-lo.
Além da venda de armas e reforçando a veracidade da história, Anton está a juntar um exército de mercenários para lutar nos conflitos dos EUA no Médio Oriente, o que abre a história para uma amarga rivalidade e guerra entre pai e filho, que se estende ao interesse na mesma mulher.
No comunicado oficial a anunciar o projeto, Niccol, que lançou a sua carreira com "Gattaca" (1997) e principalmente "The Truman Show" (1998), faz um jogo de palavras com "legitimidade", a da existência do filho e a do mundo onde se move: "Há muito mais para explorar com estas personagens. Platão disse-o melhor – 'Só os mortos viram o fim da guerra'. Estou entusiasmado por passar mais tempo na companhia do encantador demónio que é Yuri Orlov e agora do seu filho ilegítimo – que se revela não ser legítimo de forma alguma”.
Não são conhecidas datas para a produção do projeto, que será apresentado este mês aos potenciais investidores no Festival de Cannes.
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