Após grandes expectativas nas bilheteiras, "Black Panther: Wakanda Para Sempre" desceu à Terra.
O novo filme da Marvel arrecadou 67,3 milhões e caiu 63% nas bilheteiras no segundo fim de semana nos cinemas dos EUA, depois da estreia de 171 milhões de dólares há uma semana.
O decréscimo significa que está a seguir o mesmo caminho nas bilheteiras de outros títulos do género e do Universo Cinematográfico, principalmente "Doutor Estranho no Multiverso da Loucura", lançado mais cedo este ano, e menos o do primeiro "Black Panther", que caíra 45% depois da estreia em 2018 ao mesmo tempo que se tornava um fenómeno cultural.
As receitas a nível mundial aproximam-se dos 550 milhões de dólares e a expectativa é que terminem nos 800 milhões. Será uma desilusão em comparação com os mais de 1,3 mil milhões arrecadados pelo primeiro filme, resultado do pior desempenho fora dos EUA por causa das atenções no Campeonato do Mundo de Futebol e, em dezembro, pelo impacto da estreia de "Avatar: O Caminho" da Água".
Com nove milhões e uma estreia razoável para uma produção de 30 milhões, ficou em segundo lugar nas bilheteiras dos EUA a sátira de terror "The Menu", com Ralph Fiennes, Anya Taylor-Joy e Nicholas Hoult (a 1 de dezembro em Portugal).
O sinal preocupante para Hollywood chama-se "Ela Disse": falhando o Top 5, o filme com Carey Mulligan e Zoe Kazan sobre as jornalistas que investigaram e denunciaram os crimes sexuais do produtor de Hollywood Harvey Weinstein arrecadou apenas 2,25 milhões de dólares em exatamente 2.022 salas de cinema. As expectativas, já revistas em baixo, eram de 5 a 6 milhões.
Com um orçamento de 32 milhões, o resultado é uma das piores estreias de sempre para um filme de grande estúdio lançado em mais de duas mil salas.
Entre as possíveis causas do fracasso de apontadas pelos analistas estão um maior desejo dos espectadores pelo escapismo, a decisão das pessoas interessadas em esperar pelo lançamento em streaming, a falta de interesse fora dos grandes certos urbanos de Los Angeles e Nova Iorque pelo caso de Harvey Weinstein ou o próprio jornalismo.
As boas críticas na imprensa e dos espectadores de Ela Disse" não foram suficientes para evitar uma tendência que se está a instalar num mercado a recuperar da pandemia: os dramas "de prestígio" que costumam ser nomeados aos Óscares não estão a conseguir chamar de volta aos cinemas um público mais velho.
Entre as vítimas da temporada estão títulos como "Tár", com Cate Blanchett; "Armageddon Time", com Anne Hathaway, Jeremy Strong e Anthony Hopkins; "Amesterdão", com Christian Bale, Margot Robbie e John David Washington; e "Triângulo da Tristeza", o vencedor da Palma de Ouro do Festival de Cannes.
Numa posição ligeiramente melhor, mas longe do sucesso comercial deste ano de "Elvis" e "Tudo em Todo o Lado ao Mesmo Tempo", estão "The Banshees of Inisherin", com Colin Farrell e Brendan Gleeson, e "Till", sobre a ativista Mamie Till-Bradley.
"De uma forma geral, é um momento assustador para os filmes de prestígio. Podemos estar a testemunhar uma mudança radical no cinema. Em última análise, o público decide o que será feito e, neste momento, o público não está a optar por ver estes filmes nos cinemas", notou à revista Variety Jeff Bock, analista da Exhibitor Relations.
A revista nota que os grandes estúdios de cinema sempre foram avessos ao risco, o que piorou com a entrada no mercado das plataformas de streaming e a necessidade de consolidação corporativa para se preparar para essas "guerras", aumentando o seu endividamento. Também há menos filmes produzidos para os cinemas e pesa o impacto da pandemia que fechou as salas durante quase um ano e uma inflação galopante e a recessão iminente que estão forçar os consumidores a fazer opções difíceis.
A Variety conclui que "todo um setor da indústria do cinema pode estar em perigo" e "algo precisa mudar rapidamente" se filmes como "Ela Disse" não começarem a ter melhores resultados nas bilheteiras.
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