"O ponto mais baixo", "a pior experiência" e "horrível" são algumas das definições que Ben Affleck tem disponíveis para a rodagem de "Liga da Justiça"
Durante uma entrevista ao jornal Los Angeles Times, o ator deu como exemplo de momentos difíceis num passado recente o anúncio que não iria realizar "The Batman", confirmado oficialmente a 30 de janeiro de 2017 (o filme que vai chegar aos cinemas no início de março passou e foi reformulado por Matt Reeves e com Robert Pattinson como protagonista, após Affleck também ter anunciado a retirada como super-herói a 14 de fevereiro de 2019).
"Olhei para aquilo e pensei, 'Não vou estar feliz a fazer isto. A pessoa que faz isto devia adorar'. É suposto querer sempre estas coisas e provavelmente teria adorado fazê-lo aos 32 [anos] ou por aí. Mas foi numa altura em que comecei a perceber que não valia a pena. Trata-se apenas da vantagem maravilhosa de reorientar e recalibrar as nossas prioridades que, quando começou a ser mais sobre a experiência, senti-me mais à vontade", recordou.
Ben Affleck não escondeu que o rastilho para mudar as prioridades foi a problemática produção de "Liga da Justiça", que descreve como "o ponto da baixo" da sua carreira, tanto pelos problemas pessoais como pela saída do realizador Zack Snyder após a morte da sua filha, em maio de 2017, e a sua substituição por Joss Whedon, cujo nome nunca é mencionado na entrevista.
"'Liga da Justiça' foi realmente o ponto mais baixo para mim. Essa foi uma má experiência por causa de uma confluência de coisas: a minha própria vida, o meu divórcio, estar muito longe [de casa], as agendas concorrentes e depois a tragédia pessoal de Zack e a refilmagem. Foi simplesmente a pior experiência. Foi horrível. Era tudo o que eu não gostava sobre isto [a indústria do cinema]", recordou.
O ator continuou: "Esse foi o momento em que disse 'não vou mais fazer isto'. Nem sequer foi por, tipo, o 'Liga da Justiça' ter sido tão mau. Porque podia ter sido qualquer coisa".
Uma produção conturbada
Recorde-se que, após uma prolongada campanha de pressão dos fãs, a HBO Max financiou e lançou a 18 de março de 2021 uma nova versão com quatro do filme feita pelo realizador original, "Liga da Justiça de Zack Snyder", sem qualquer cena rodada por Joss Whedon.
A versão que chegou aos cinemas em 2017 deixou muitos fãs zangados, com críticas à história banal, efeitos especiais de segunda gama, refilmagens e dois realizadores com visões claramente diferentes. Segundo o próprio filho de Zack Snyder, o estúdio terá exigido o limite de 120 minutos e várias alterações e mais humor na história, o que levou às refilmagens e ao corte de várias cenas.
Em julho de 2020, o ator Ray Fisher (Cyborg) acusou Joss Whedon de ter mantido um comportamento "grosseiro, abusivo, pouco profissional e completamente inaceitável" com atores e equipa técnica, tendo como cúmplices Jon Berg e Geoff Johns, respetivamente os antigos co-presidente da produção do estúdio Warner Bros. e presidente e líder criativo da DC Entertainment.
Os três envolvidos não responderam à acusações na altura e após algumas referências crípticas, Jason Momoa apoiou publicamente as alegações do colega em setembro, apelando a uma investigação. Em dezembro, a Warner Bros. anunciou que tinham sido tomadas "decisões corretivas', sem especificar quais.
Em maio de 2021, Gal Gadot confirmou vários relatos que circulavam sobre ter sido ameaçada e que a situação tinha sido resolvida pelo estúdio: "Tive os meus problemas com o Joss e lidei com isso. Ele ameaçou a minha carreira e disse que se eu fizesse alguma coisa, ele iria certificar-se que a minha carreira seria miserável, e tratei imediatamente disso".
Em fevereiro de 2021, Zack Snyder também revelou que a verdadeira razão para abandonar o filme foi ter "perdido a vontade para lutar" em mais batalhas com a Warner Bros. pelo controlo criativo após o suicídio da filha, já que o estúdio tinha perdido a confiança na sua visão para a Universo Cinematográfico DC Comics após as más críticas recebidas por "Batman vs Super-Homem" (2016).
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