A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, responsável pela atribuição dos Óscares, já aprovou os "Padrões de Conduta" que devem ser seguidos pelos seus membros.

"Ser membro da Academia é um privilégio oferecido a apenas uns pouco escolhidos dentro da comunidade global de cineastas", recorda uma carta enviada pela CEO Dawn Hudson, que acrescenta que deve existir um comportamento ético que siga os valores da organização "de respeito pela dignidade humana, inclusão e um ambiente de apoio que promova a criatividade".

"Não existe nenhum lugar na Academia para pessoas que abusam do seu estatuto, poder ou influência de uma forma que viola reconhecidos padrões de decência. A Academia opõe-se categoricamente a qualquer forma de abuso, assédio ou discriminação com base no género, orientação sexual, raça, etnia, incapacidade, idade, religião ou nacionalidade[...]", reforça a mensagem.

Sem referir-se a casos concretos, o Conselho de Governadores, que representa todos os ramos da Academia (atores, realizadores, etc.), reconhece que se trata de um primeiro passo no que é necessário fazer  no âmbito dos escândalos de assédio sexual que atingiram Hollywood e o país após as alegações levantadas contra o produtor Harvey Weinstein a 5 de outubro, que já foi expulso.

Uma equipa especial de membros da Academia pesquisou e fez o rascunho do novo documento após consultar "professores de Ética, Economia, Filosofia e Direito das universidades de Georgetown, Harvard, Notre Dame e Stanford, além de especialistas em recursos humanos e assédio sexual. Também existiram encontros com as organizações congéneres da Academia de Televisão (que atribui os prémios Emmy) e Academia Britânica de Cinema (responsável pelos BAFTA).

"Muito continua por fazer. A equipa irá finalizar procedimentos para lidar com alegações de má conduta, assegurando que possamos abordá-las de forma justa e expedita", reforçou Dawn Hudson.

Esses procedimentos, acrescentou, serão enviados aos membros da Academia no próximo ano e orientarão o Conselho de Governadores a decidir se "certas alegações necessitam de ações em relação à qualidade de membro".

"Se algum membro for considerado pelo Conselho de Governadores como tendo violado esses princípios ou comprometido a integridade da Academia com as suas ações, o Conselho de Governadores poderá exercer quaisquer ações disciplinares permitidas pelas leis da Academia, incluindo suspensão ou expulsão", conclui a carta.