Florian Zeller estava convencido de que ninguém além de Anthony Hopkins poderia fazer o filme em que se iria estrear como realizador. Com isso em mente, adaptou a sua peça teatral "Le père" [O Pai] para o cinema.
"Escrevi o argumento para ele, era o desejo, o sonho", disse o realizador francês à agência AFP.
"Até que ele me dissesse que não era possível, ainda era possível", recorda.
Mudou o nome e data de nascimento do personagem principal para que coincidissem com o do protagonista com que sonhava. E aos 82 anos, Anthony Hopkins aceitou o papel em "The Father" com o qual, segundo vários analistas de cinema, conseguirá a sua sexta nomeação para os Óscares, cuja cerimónia será só a 25 de abril de 2021.
Ao lado do ator, que ganhou a estatueta da Academia em 1991 com "O Silêncio dos Inocentes", está no papel da sua filha a também premiada Olivia Colman (por "A Favorita", de 2018).
Este drama comovente, que contém elementos de suspense e terror, conduz o espectador numa viagem deliberadamente confusa dentro da mente da personagem de Hopkins.
Os membros da família tornam-se irreconhecíveis e estranhos familiares aparecem inexplicavelmente no seu luxuoso apartamento de Londres, que parece mover-se à frente dos seus olhos.
A chorar na rodagem
Após excelentes críticas em sua estreia no Sundance em janeiro, "The Father" foi exibido na semana passada no Festival de Cinema de Toronto.
A Sony Pictures Classics prevê lançá-lo em dezembro nos Estados Unidos. Ainda não está prevista a estreia em Portugal.
Sete meses antes dos Óscares, a atuação de Anthony Hopkins já é vista por muitos como uma aposta segura para uma sexta nomeação da Academia.
À medida em que a natureza da sua condição é revelada, ele recorre a uma surpreendente gama de emoções, desde a paranoia e ira, até o desespero e o colapso emocional.
O ator galês contou que se concentrou na sua própria mortalidade para interpretar o papel.
"De certo modo, é como magia... todos estávamos a chorar na rodagem", recorda Florian Zeller.
Foi uma longa jornada desde que o agora realizador estreou a peça teatral em francês, baseada nas experiências com a sua avó, que ajudou a criar antes de começar a sofrer de demência.
Na altura, ele tinha 15 anos.
Uma versão inglesa levou-o ao Reino Unido e de lá aos EUA. O filme chega mais de oito anos após a estreia da peça em Paris, num mundo muito transformado.
"Com o que estamos agora a passar com o vírus, quando vemos os nossos avôs, pais, avós, tão frágeis... acredito que ainda estamos muito preocupados e ligados com a fragilidade da vida", destaca.
Comentários