Nos últimos anos, porém, uma onda de filmes de terror que foram sucessos de bilheteira feitos por mulheres tem vindo a impor uma nova estética ao género.
O exemplo mais recente é "O Nome do Medo", de Stacy Title, que estreou em Portugal esta quinta-feira.
O trailer, que deixou muitos cinéfilos ansiosos para ver o filme, tem de tudo: facadas, sangue, adolescentes em pânico, saltos de susto, tudo isso no meio de um caos devastador.
Destacam-se também produções recentes "O Senhor Babadook", dirigido por Jennifer Kent, e "Uma Rapariga Regressa de Noite Sozinha a Casa", de Ana Lily Amirpou, que aumentam o número de mulheres cineastas a conduzir o género.
Mas ainda são poucas. Efetivamente, milhares de filmes de terror foram produzidos desde que o francês Georges Méliès fez "Le manoir du diable" em 1896, mas o número de realizadoras deste género desde o início do século XX não ultrapassa as 100, segundo o Internet Movie Database.
"Há uma geração perdida de mulheres talentosas que não estão a trabalhar porque infelizmente, para sorte dos homens, é um negócio sexista", disse Stacy Title à AFP.
O seu filme passa-se no Wisconsin dos anos 90 e conta a história de três estudantes que se mudam para uma casa velha fora do campus universitário, onde se veem encurralados pelo "Bye Bye Man", uma entidade sobrenatural malévola que já tinha aterrorizado vítimas desprevenidas décadas antes.
O guião baseia-se no compêndio que o historiador do oculto Robert Damon Schneck fez em 2005, intitulado "The President's vampire: strange-but-true tales of the United States of America", que conta as experiências de um amigo seu nesse estado americano que afirmou ter enfrentado um espírito depois de ter jogado Ouija (quadro com o alfabeto e números de 1 a 10 usado para comunicar com os espíritos).
De Clinton a Title
Title começou como editora e jornalista de investigação, e foi a mulher mais jovem a receber uma nomeação ao Óscar, por uma curta-metragem de 1993.
Um ano depois, dirigiu Cameron Diaz e Courtney B. Vance na comédia negra "A Última Ceia" (1996) e cultivou seu gosto pelo terror com "Snoop Dogg's hood of horror".
"Odeio dizê-lo, mas fechamos os olhos e imaginamos o presidente, e é um homem. Independentemente do que pensamos de Hillary Clinton, sabemos que ela levou um golpe muito mais duro do que um homem teria levado", disse.
"Isso estende-se à realização. É difícil imaginar uma mulher nesse trabalho. Alguns homens servem como mentores de outros homens. É uma forma de eles se identificarem com alguém mais jovem, de recordarem a sua vida. As mulheres não encaixam nesse papel", acrescentou.
Title foi contratada pelo veterano Trevor Macy, que produziu mais de uma dúzia de filmes, como "Detenção de Risco", com Denzel Washington e Ryan Reynolds, e "Oculus" dirigido pelo especialista em terror Mike Flanagan.
"Normalmente, num filme de terror de sucesso, 60% da audiência é feminina. E é ridículo que não haja mais vozes femininas atrás da câmara", disse Trevor Macy à AFP.
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