Em declarações à agência Lusa, o realizador explicou que tentou, com esta curta de ficção, «fugir um pouco àquelas temáticas que são abordadas constantemente neste tipo de festivais de cinema» de temática LGBT (lésbica, gay, bissexual e transgénero).

«Vibratum Vitae» tem «personagens que por acaso são gay, mas que podiam ser heterossexuais também», realça, considerando, porém, que a etiqueta LGBT não é «necessariamente» prejudicial para o cinema, «se bem que pode também rotular um pouco e deixar algumas pessoas reticentes em irem assistir a esse tipo de filmes».

Pedro Barão atribui «muita importância» ao Queer Lisboa «na divulgação da cultura LGBT», dando «visibilidade» a esta comunidade, ao mesmo tempo que «tenta mostrar um bocadinho para além do estereótipo».

«Vibratum Vitae» (2011) – que aborda a separação entre dois homens e a sua intimidade – vai estrear-se no Queer, no dia 23, às 19:30, no Cinema São Jorge. Pedro Barão, que nasceu em 1988 e realizou a curta metragem Culpa (2009), pretende inscrever «Vibratum Vitae» em festivais, em Portugal e no estrangeiro.

Em conversa com a Lusa quando o programa da 15ª edição do Queer Lisboa foi apresentado, Pedro Marum, da organização do festival, reconheceu que a nível internacional «não é muito difícil» encontrar filmes, mas já selecionar obras nacionais que abordem esta temática «é um bocado mais complicado».

A 15ª edição do Queer Lisboa arranca hoje, às 21:00, com uma performance do grupo de teatro madrileno Sudhum, responsável pelo espetáculo de teatro físico
«Silenciados», que vai ser apresentado no sábado e domingo, às 21h, e a projeção de «Uivo» (EUA, 2010), um retrato do escritor beat Allen Ginsberg, de Rob Epstein e Jeffrey Friedman, que se estreará nas salas portuguesas a 22 de setembro.

O festival de cinema LGBT, que decorre até 24 e tem como tema central a transgressão, integra 84 filmes.

O número de espetadores do festival «tem aumentado ligeiramente», tendo rondado as oito mil pessoas na última edição, segundo a organização.

«As pessoas já começam a aceitar o Queer não apenas como um festival gay e lésbico, mas como um festival de cinema (...), o que se reflete no aumento de público e no tipo de público que frequenta o festival», considera Pedro Marum.

O
Queer Lisboa prescindiu este ano do apoio da Embaixada de Israel, de que beneficiou em 2009 e 2010, após uma campanha de ativistas que apelaram ao boicote a todas as iniciativas que envolvam o Estado judaico, com o objetivo de denunciar a «contínua violação» do direito internacional e dos direitos do povo palestiniano.

Em reação à recusa do Queer, o embaixador de Israel em Lisboa,
Ehud Gol, disse, numa nota enviada à agência Lusa: «Não poderia ter ficado mais indiferente em relação a essa decisão.»

SAPO/Lusa