O cineasta italiano
Mario Monicelli suicidou-se ontem, 29 de Novembro, aos 95 anos. O realizador, um dos maiores mestres da chamada «comédia à italiana», atirou-se da janela do hospital San Giovanni de Roma, onde fora internado alguns dias antes devido a um cancro da próstata. Entre as suas obras-primas, deixa para a posteridade filmes como
«L'Armata Brancaleone»,
«Gangsters Falhados»,
«A Grande Guerra», entre muitas outras produções.

Monicelli nasceu a 15 de Maio de 1915 em Viareggio, na Toscânia, onde passou toda a infância. A partir de 1934, com menos de 20 anos, estreou duas curtas-metragens com seu amigo Alberto Mondadori,
«Cuore Rivelatore» e
«I Ragazzi della via Paal», a última das quais foi premiada na Mostra de Veneza, criada dois anos antes.

Até o final da década de 40, colaborou em cerca de 40 filmes, como argumentista e assistente de direcção, estreando-se na realização de longas-metragens em 1949 com
«Totó Procura Casa», em parceria com Steno, com quem faria mais sete filmes nos quatro anos seguintes.

A partir de 1953, com
«Proibido», Monicelli lançou-se na realização a solo, tornando-se um mestre de um tipo de comédia popular e satírica, que colocava em cena as obsessões e problemas da sociedade da época.

Em 1958, assinou uma das suas obras-primas,
«Gangsters Falhados», com um elenco excepcional, composto, entre outros, por
Vittorio Gassman,
Marcello Mastroianni,
Totò e
Claudia Cardinale, considerado o primeiro filme da chamada «Commedia all'Italiana», de que seria, com
Dino Risi, o principal cultor.

Em 1959, realizou
«A Grande Guerra», que ganhou o Leão de Ouro do Festival Internacional de Cinema de Veneza, e lhe valeu a nomeação ao Óscar de Melhor Filme Estrangeiro. Seria mais tarde nomeado, juntamente com vários colegas, para Melhor Argumento Original por
«I Compagni», em 1963, e por «Casanova 70», em 1970.

Seguiram-se filmes tão emblemáticos como
«L'Armata Brancaleone», em 1966, e
«Oh! Amigos Meus», de 1975, este último uma das suas obras mais célebres, com
Philippe Noiret,
Ugo Tognazzi e
Adolfo Celi como os amigos cinquentões que se divertem a pregar as mais delirantes partidas, e que teria direito a sequela em 1982.

Logo a seguir, em 1976, conquistou o Urso de Prata para Melhor Realizador no Festival de Berlim por
«Caro Michel».

Ao todo, Monicelli, que também produziu para o teatro e a televisão, assinou 65 filmes, sendo o último
«Le Rose del Deserto», de 2006, quando o cineasta já contava com 91 anos.

Ao longo da sua longa carreira, Monicelli trabalhou com os maiores actores italianos de sempre, como Totò, Aldo Fabrizi, Vittorio De Sica, Sophia Loren, Marcello Mastroianni, Vittorio Gassman, Ugo Tognazzi, Anna Magnani, Alberto Sordi, Nino Manfredi, Paolo Villaggio, Monica Vitti, Enrico Montesano, Giancarlo Giannini, Philippe Noiret, Giuliano Gemma, Stefania Sandrelli, Gian Maria Volonté e Leonardo Pieraccioni.

SAPO/AFP