«Com a morte de
Raúl Ruiz, perde-se um criador cujo empenho nas lutas do seu século se nutria de uma imensa erudição e de uma infinita curiosidade», indicou
Nicolas Sarkozy, que se referiu ao cineasta como «digno herdeiro dos Lumière», segundo um comunicado da presidência francesa.

«A inspiração de Ruiz, homem de uma cultura universal, partia do património de todas as artes – cinema, literatura, pintura, poesia, teatro – e de todos os países», acrescentou o chefe de Estado francês.

Na sua nota, na qual lamenta a morte do realizador, Sarkozy considera que a prova da diversidade de fontes de inspiração do chileno são «as suas adaptações de obras dos grandes romancistas franceses de quem gostava (Balzac, Giono, Proust)», ou o seu
«Mistérios de Lisboa», «a sua última obra, uma imersão labiríntica na sociedade lusitana».

Por sua vez, Gilles Jacob descreveu o cineasta como um «narrador das mil e uma noites» que, «como amiúde acontece entre os melhores escritores latinos, era dotado de uma imaginação de uma prodigalidade incomparável».

O chileno foi cinco vezes candidato à Palma de Ouro de Cannes, certame que o premiou em 1983 pelo filme
«Les Trois Couronnes du Matelot» e, para o atual diretor, «as suas aventuras, as suas estranhezas, lógica, incidentes e quid pro quos elevavam a arte de [Robert Louis] Stevenson ao nível da da condessa de Ségur».

«Já sentimos a sua falta», afirmou, no seu comunicado sobre Ruiz que se exilou em França após o golpe militar de 1973 e alcançou o reconhecimento internacional em princípios dos anos 1980, com filmes como «Les Trois Couronnes du Matelot» e «A Cidade dos Piratas», ambos de 1983.

@Lusa