A estrela de Hollywood mais pró-Ucrânia de Hollywood vai alargar o seu ativismo.
Sean Penn aceitou entrar em "War Through the Eyes of Animals" ["A guerra através dos olhos dos animais", em tradução literal), um filme de guerra da Ucrânia.
Segundo a revista The Hollywood Reporter, trata-se de uma antologia dividida em nove partes com outros tantos realizadores ucranianos, que conta a história da guerra que começou em fevereiro de 2022 através da perspetiva do envolvimento de vários animais apanhados pelo conflito.
O aclamado cineasta Myroslav Slaboshpytskyi vai dirigir o último segmento, onde Penn será um engenheiro de som norte-americano que se torna testemunha por acaso da invasão russa. Esta rodagem terá lugar na Ucrânia e Los Angeles durante o verão.
A situação é semelhante à que aconteceu na vida real: o ator estava em Kyiv para as filmagens de um documentário quando os primeiros mísseis russos atingiram o país a 24 de fevereiro de 2022, alterando completamente o seu cronograma e natureza da produção.
Nas semanas seguintes, chegou a ameaçou derreter os seus dois Óscares se a Academia não desse ao chefe de Estado ucraniano Volodymyr Zelensky a oportunidade de intervir por videoconferência na cerimónia no final de março, o que foi recusado pela organização de Hollywood.
Penn regressou à Ucrânia várias vezes para filmar a situação no leste do território, os danos causados pelos bombardeamentos e para dar voz a Zelensky.
Na primeira semana de novembro de 2022, num gesto de simbolismo elogiado e ridicularizado, ofereceu uma das estatuetas douradas a Zelensky. Não se sabe qual delas, se a que recebeu por "Mystic River" (2003) e a de "Milk" (2008).
"É apenas uma coisa simbólica, pateta, mas se souber que isto está aqui, sentir-me-ei melhor e suficiente forte para as lutas", ouvia-se Penn a dizer ao estadista, que por sua vez insistia que se tratava apenas de um empréstimo "até à vitória da Ucrânia".
Em fevereiro deste ano, apresentou no Festival de Berlim o documentário "Superpower", que se tornou uma produção sobre a Ucrânia centrada no seu líder, descrevendo como o interesse inicial pela figura do comediante que se tornou presidente se transformou numa "obsessão".
"Foi uma forma comovente de conhecer alguém", explicou numa conferência de imprensa.
"Além do nascimento dos meus filhos”, confessou, “aquele encontro foi um dos grandes momentos da minha vida, sentir aquele coração cheio de coragem”, acrescentou.
A decisão de Zelensky de não deixar o seu país no início da guerra teve repercussão mundial e aumentou a sua popularidade, a nível interno e internacional, depois do ceticismo inicial sobre o ex-comediante.
Penn transmitia uma mensagem pró-Ucrânia em "Superpower".
"Claro que a palavra 'propaganda' pode ser usada para depreciar o que para mim é a verdade sobre a unidade absoluta da Ucrânia. (...) Fizemos um filme totalmente tendencioso porque essa foi a verdadeira história que encontrámos", enfatizou, orgulhando-se de ser considerado um "propagandista".
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