Revolucionou o modelo de negócio do mundo da música quando criou o Napster e foi o primeiro a perceber o potencial de algo chamado "The Facebook". Agora, Sean Parker quer envolver-se no mundo do cinema e já conseguiu o apoio de alguns pesos pesados de Hollywood.

Juntamente com um sócio, Prem Akkaraju, criou uma empresa chamada "The Screening Room", que pretende oferecer um serviço que disponibiliza os filmes em casa ao mesmo tempo que chegam às salas de cinema.

Através de uma box que deverá custar aproximadamente 150 dólares e contra o pagamento de 50 por filme, as pessoas poderiam ver filmes nas primeiras 48 horas a partir da sua estreia comercial nos cinemas. Os estúdios de Hollywood e os proprietários das salas de cinema receberiam cada um 20% desses 50 dólares, e a empresa 10%.

Para apaziguar os segundos, que têm colocado grande resistência à diminuição da janela de 90 dias antes dos filmes ficarem disponíveis noutras plataformas, o Screening Room tenciona oferecer aos clientes dois bilhetes gratuitos para ver o filme nas salas.

Ainda assim, isso não deve ser suficiente para impedir a oposição de algumas das principais cadeias de exibição de cinema, que certamente terão presente que o sistema de partilha de ficheiros digitais idealizado por Parker dizimou a indústria musical.

A credibilidade que a proposta está a merecer no seio da indústria já levou o Art House Convergence, um grupo que reúne 600 salas de cinema de cinema mais alternativo, a publicar uma carta aberta onde manifesta a sua oposição.

"O modelo proposto é incongruente com o setor de exibição de cinema por desvalorizar a experiência em sala e permitir o aumento da pirataria", justifica o grupo, que ainda questiona "seriamente a economia do modelo proposto de partilha de receitas".

Ainda assim, a proposta a circular por Hollywood intrigou os estúdios Universal, Fox e Sony, que veem as receitas de DVD e Blu-ray sistematicamente a decrescer. A Disney, o maior de todos, não manifestou interesse.

Determinante para o sucesso pode ser o apoio das personalidades. Steven Spielberg, Martin Scorsese, Peter Jackson, J.J. Abrams, Taylor Hackford e o produtor Frank Marshall estão listados como conselheiros do negócio e acredita-se que terão interesse em caso de sucesso.

Ron Howard e o produtor Brian Grazer vão mais longe e afirmam mesmo que é a "única solução" para a indústria.

"Quando nos encontrámos com o Sean e o Prem no ano passado, foi claro que o Screening Room era a única solução que favorece todas as partes interessadas: exibidores, estúdios e cineastas", referem em comunicado. "O modelo SR é justo, equilibrado e fornece um valor significativo para toda a indústria que amamos. Fazemos filmes para o grande ecrã e para ser ser visto por tantas pessoas [quanto possível]. Screening Room fornece essa solução".

Curiosamente, um dos apoiantes, Peter Jackson, esteve entre as quase duas dúzias de cineastas que em 2011 escreveram uma carta contra a intenção dos estúdios em associar-se com a DirectTV para reduzir a janela teatral dos filmes por achar que ameaçava o negócio das salas de cinema e "acabaria por conduzir à canibalização das receitas das salas, para o detrimento em última análise do negócio cinematográfico".

Em declaração ao The Wrap, o cineasta defende que o Screening Room "é construído de forma muito cuidadosa para cativar uma audiência que atualmente não vai às salas. Vai expandir a audiência para um filme – não mudá-la das salas para a sala de estar. Não coloca o estúdio contra o dono da sala. Em vez disso, respeita os dois e está estruturado para apoiar – resultando em maior sustentabilidade para a própria ampla indústria cinematográfica".