Música, animação e uma história sobre a vida e o seu fim prometem fazer de "Soul - Uma Aventura com Alma" um sucesso entre pequenos e graúdos. O mais recente filme da Pixar viu a sua estreia nos cinemas cancelada devido à pandemia da COVID-19, mas chega agora ao serviço de streaming Disney+.
Criado por Mike Jones, responsável por "À Procura de Dory" ou "Coco", Kemp Powers, argumentista de "Star Trek: Discovery", Peter Docter, que assina também a realização e esteve por detrás de sucessos como "Divertida-Mente", e Dana Murray, produtora que trabalhou em filmes como "Up - Altamente", "Soul - Uma Aventura com Alma" estreia-se a 25 de dezembro e pode ser uma boa escolha para ver em família no dia de Natal.
Antes da estreia do filme, o SAPO Mag esteve à conversa com a equipa que criou a nova história de animação da Pixar. Na conversa, via Zoom, com jornalistas de todo o mundo, Docter, Murray e Powers revelam que o fio condutor para "Soul - Uma Aventura com Alma" surgiu depois de verem uma masterclass de Herbie Hancock no Youtube - veja aqui o vídeo que inspirou o filme.
"Quando encontrámos o vídeo da masterclass de Herbie Hancock, sinto que foi a partir daí que soubemos que Joe seria um músico de jazz", explica Dana Murray. Depois de escolhida a base para todo o filme, começaram a nascer as personagens, nomeadamente Joe Gardner, o protagonista, um músico de jazz.
A narrativa conta a história de um professor de música apaixonado pelo que faz, que se depara com a oportunidade única de concretizar um dos seus maiores sonhos: pertencer a um dos melhores clubes de jazz de Nova Iorque.
Veja o trailer:
"No entanto, uma pequena distração acidental leva o caricato professor das maravilhosas ruas nova iorquinas para uma distinta realidade, o The Great Before. Esta fantástica dimensão é o lugar onde todas as almas recém-nascidas formam as suas personalidades, adquirindo diferentes interesses e características antes de serem colocadas na terra. Desejando a todo o custo regressar à sua vida normal, Joe junta-se a uma destas novas almas, 22, para voltar ao mundo humano. Na aventura de recuperar a sua vida e de mostrar à ingénua 22 as maravilhosas possibilidades infinitas que a vida oferece, o simples professor de música descobre também a resposta a muitas das questões mais importantes da nossa existência", resume o Disney+ em comunicado.
Jamie Foxx, Tina Fey, Angela Bassett e Phylicia Rashad dão voz às outras personagens principais, sendo que o filme tem também a participação da atriz brasileira Alice Braga.
Apesar de abordar questões relacionadas com a morte, para Pete Docter (realizador), Dana Murray (produtora) e Kemp Powers (co-realizador e argumentista), os pais não têm de ter receio de mostrar o filme aos filhos. "Antes do filme estar terminado, fizemos uma exibição para crianças e isso é sempre revelador, é um teste para nós. Será que estamos enganados? As crianças vão perceber? (...) E, geralmente, saímos das exibições e os pais dizem-nos: 'isto pode ser um pouco complicado'... e depois os filhos explicam tudo aos pais", conta Kemp Powers, acrescentando que, no caso de "Soul - Uma Aventura com Alma", as "crianças conseguiram perceber tudo imediatamente".
"Acho que a Pixar é dos poucos lugares que trata as crianças com respeito, não tenta simplificar demasiado", acrescenta o argumentista.
Segundo o realizador, o objetivo era que o retrato da vida depois da morte fosse como "uma folha em branco". "Há muitas tradições, religiões... Não queríamos que fosse muito específico em termos de cultura", explica.
Em conversa com os jornalistas, a produtora Dana Murray explicou ainda que a Pixar trabalhou com uma equipa de consultores, como a antropóloga Johnetta Cole e o músico Questlove, para garantir a autenticidade das personagens e da cultura representada.
O primeiro filme da Pixar que se centra num protagonista negro
"Soul - Uma Aventura com Alma" é a primeira longa-metragem do estúdio de animação que se centra num protagonista negro, interpretado pelo ator Jamie Foxx. "Porque é que só agora há um protagonista negro? É uma boa pergunta e não sei se temos uma boa resposta. Estamos sempre a tentar refletir o máximo possível o mundo lá fora e estamos felizes por finalmente ter acontecido", sublinha o realizador em conversa com a imprensa. "É vergonhoso ter demorado tanto tempo", acrescenta.
Em conferência, citada pela agência Lusa, atriz e cantora Angela Bassett, que dá voz à estrela Dorothea Williams, frisou ainda a importância da representação de diversidade no formato animado, algo que tem sido raro até agora. "Isto tem muito significado", afirmou. "É excelente começarmos cedo com a ideia de que a humanidade é vasta e diversa", rematou.
Um filme terminado durante o confinamento
Na conferência, Dana Murray recordou que o filme foi finalizado já durante o confinamento. "Quando ficámos em casa, ainda nos faltavam sete semanas de produção. Acho que tivemos muito sorte porque a parte final é altamente técnica e as pessoas puderam facilmente pegar nas 'máquinas' e ir literalmente para casa. Em um ou dois dias ficou tudo a funcionar. A nossa equipa de sistemas é fantástica", explica a produtora, recordando que "adorou ver a vidas das pessoas, os seus filhos, os animais de estimação".
O realizador Pete Docter acrescenta ainda que produziram um documentário sobre o teletrabalho da equipa. "Geralmente, quando o filme está finalizado, juntámos toda a equipa numa grande sala e celebramos. Desta vez, com o filme completamente pronto, não conseguimos fazer isso - a maioria das pessoas que trabalharam em 'Soul' não viram o filme completo. (...) É um pouco bizarro", acrescenta.
A partir desta sexta-feira, dia 25 de dezembro, o filme poderá finalmente ser visto por toda a equipa e por todos os subscritores do Disney+.
Além do filme, chega esta semana ao serviço de streaming "Burrow", a nova curta-metragem dos estúdios Pixar, inicialmente planeada para estrear em cinema em conjunto com o filme "Soul", mas que, tal como a longa-metragem e devido ao contexto de pandemia, passou a ter lançamento direto no Disney+.
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