
As declarações de Jodie Foster sobre os filmes de super-heróis estão a causar sensação.
Numa entrevista ao Radio Times, a atriz não poupou nas palavras sobre o que pensa de Hollywood girar à volta de adaptações de "comic books": "Ir ao cinema tornou-se algo como um parque de diversões. Estúdios a fazer mau conteúdo para atrair as massas e os acionistas é como extrair combustível do subsolo - consegue-se o maior lucro agora mas está-se a destruir a terra."
"Está a arruinar os hábitos de ir ao cinema dos americanos e depois, em última análise, do resto do mundo. Não quero fazer filmes de 200 milhões de dólares sobre super-heróis", acrescentou a atriz, que assume que não se podia sentir mais distante desse tipo de "espetáculo", explicando que faz filmes "porque há coisas que tenho de dizer para perceber quem sou ou qual o meu lugar no mundo ou para evoluir enquanto pessoa".
Questionada sobre se alguma vez podia ponderar fazer um do género, garantiu que apenas pensaria nisso se tivessem "uma psicologia realmente complexa", o que, pela opinião pouco favorável que manifesta, não é uma qualidade que tenha encontrado até agora nos filmes da Marvel e DC Comics.
Quem já reagiu foi o realizador de dois filmes "Guardiões da Galáxia" e, não é "pormenor" de somenos importância, a pessoa a quem a poderosa Marvel entregou a responsabilidade de lançar uma nova fase do seu Universo Cinematográfico a partir de 2020, .
Numa série de mensagens nas redes sociais, James Gunn mostra compreensão e até acrescenta que muitos filmes de super-heróis dão razão aos pontos de vista da atriz.
"Acho que [Jodie] Foster olha para o cinema de uma forma tradicional onde o cinema de grande espetáculo não pode ser profundo. É muitas vezes verdade, mas não sempre. As convicções dela são bastante comuns e não são totalmente sem fundamento. Digo que não são sem fundamento porque a maioria das sagas dos estúdios são de alguma forma sem alma – e isso é uma ameaça real para o futuro dos filmes. Mas também existem algumas exceções", escreveu.
O realizador tem sido elogiado precisamente pelos seus dois filmes serem uma exceção, mas evita a referência direta: "Para o cinema sobreviver, acredito que os filmes de grande espetáculo precisam ter uma visão e alma que tradicionalmente não têm. E alguns de nós estão a fazer o nosso melhor para seguir nessa direção. Criar filmes de grande espetáculo que são inovadores, humanistas e profundos é o que me entusiasma sobre este trabalho."
"Mas, para ser justo, pelo menos a partir das citações de Foster, ela parece ver fazer cinema como algo que é primeiro sobre o seu próprio crescimento pessoal. Para mim, isso pode ser parte da razão que me leva a fazer isto mas gastar muitos milhões de dólares num filme tem de ser sobre mais do que isso – é comunicação –, portanto a minha experiência é meramente uma que existe a esse nível. Mas respeito Foster e o seu talento e o que ela tem feito pelo cinema e aprecio a sua forma diferente de olhar para a paisagem de Hollywood", concluiu.
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