Estreia esta quinta-feira "Superman", o filme que dá início uma nova era para o universo DC Comics no cinema.

Realizado e escrito por James Gunn ("Guardiões da Galáxia"), que também é um dos presidentes executivos da DC Studios, o filme é visto dentro e fora de Hollywood como a tentativa decisiva do estúdio Warner Bros. de relançar totalmente a sua linha de filmes de super-heróis baseados nas populares bandas desenhadas da DC, ofuscados há muito tempo pelo Universo Cinematográfico Marvel, dos rivais da Disney.

"Com uma abordagem atual e emocional, Superman revela o herói na sua forma mais genuína — movido pela coragem, pela esperança e por um profundo sentido de justiça", resume a sintética apresentação oficial da história.

James Gunn assume o filme como uma "uma carta de amor à banda desenhada" e também a homenagem ao clássico do cinema de 1978 realizado por Richard Donner que revelou Christopher Reeve como o super-herói, mas rejeitando "uma história de origem", focando-se antes no Super-Homem com 20 e poucos anos a tentar "equilibrar a sua herança ''kryptoniana' com a sua educação humana".

As imagens revelam uma abordagem mais leve e bem disposta, em contraste com muitos dos filmes anteriores, nomeadamente os protagonizados por Henry Cavill, que se revelaram divisivos e tiveram receitas de bilheteira relativamente dececionantes com o seu tom sombrio.

Rodgem de "Superman"

Na convenção CinemaCon de Las Vegas em abril, James Gunn disse que estava determinado a revigorar uma personagem "que é percebida como antiquada por muitos" para o público moderno.

Também prometeu algo que tem repetido desde então nas entrevistas de promoção: "Este é um filme que celebra a gentileza e o amor humano".

Peter Safran, o outro presidente executivo da DC Studios, falou numa história de alguém que "é a personificação da Verdade, da Justiça e do American Way [os valores americanos]. Ele é bondade num mundo que pensa nesta como algo antiquado".

Um dos ingredientes-chave de "Superman" é o cão do super-herói, que se chama Krypto, baseado no próprio cão mal comportado resgatado do realizador.

Já encontrar os novos Clark Kent/Super-Homem e Lois Lane envolveu um longo processo, acompanhado de perto pelas publicações especializadas norte-americanas, que descobriram em maio de 2023 que Nicholas Hoult ("Mad Max: Estrada da Fúria", "The Great"), Tom Brittney ("Missão Greyhound", "Grantchester"), Emma Mackey ("Sex Education", "Barbie") e Phoebe Dynevor ("Bridgerton") chegaram à derradeira fase de testes, juntamente com os escolhidos, anunciados a 27 de junho: David Corenswet e Rachel Brosnahan.

Se a atriz, então a poucos dias de festejar 33 anos (12 de julho), já era reconhecida como um dos grandes talentos da sua geração graças à aclamada série "A Maravilhosa Sra. Maisel", os fãs da DC tiveram de mergulhar na Internet para encontrar mais informações sobre o ator, escolhido quando estava prestes a chegar aos 30 anos (8 de julho), que teve um papel secundário na super produção de verão "Tornados" (2024), mas cujos trabalhos de maior relevância até então eram as antologias de Ryan Murphy "The Politician" e "Hollywood", a minissérie "We Own This City" e o muito elogiado filme de terror "Pearl" (inédito comercialmente nos cinemas portugueses).

Foi nessa investigação que se chegou a uma obscura notícia de novembro de 2019 que revela que o nova iorquino formado na prestigiada escola de Juilliard já sonhava em ser o Super-Homem.

A abertura da Entertainment Weekly não poderia ser mais premonitória: "David Corenswet sabe que vocês acham que ele se parece com o Henry Cavill".

Então com 26 anos, o ator admitia que tinha percebido isso há algum tempo e revelava muito mais: "Chegou à minha atenção antes de a internet me apanhar. Sem dúvida que a minha ambição inimaginável é interpretar o Super-Homem".

E acrescentava: "Adoraria ver alguém fazer um regresso otimista [às origens da personagem]. Adoro a versão sombria e corajosa do Henry Cavill, mas gostaria que o próximo fosse muito luminoso e otimista".

Com a greve dos atores de Hollywood marcada para começar a 14 de julho de 2023, Nathan Fillion como Green Lantern, Isabela Merced como Hawkgirl, Edi Gathegi como Mister Terrific foram anunciados a 11 de julho, e no dia a seguir Anthony Carrigan como Metamorpho: atores que já estavam há algum tempo na cabeça de James Gunn, mas à espera da escolha do Super-Homem e de Louis Lane.

A 15 de novembro, seis dias após o fim da greve, a atriz venezuelana María Gabriela de Faría juntou-se como a vilã Angela Spica / The Engineer.

Destacando que o duplo casting envolveu centenas de pessoas, James Gunn confirmou a 21 de novembro a supermodelo portuguesa Sara Sampaio como Eve Teschmacher, a assistente e cúmplice de Lex Luthor, e Skyler Gisondo, antigo ator infantil que entrara recentemente em "Licorice Pizza" e "Booksmart", como Jimmy Olsen, o jovem fotógrafo do Daily Planet.

Finalmente, Lex Luthor foi anunciado pelo realizador a 11 de dezembro e num 'twist', era Nicholas Hoult, que já em maio era descrito como o claro favorito do estúdio para ser o vilão, mas decidira focar a energia nos testes para ser o super-herói.

A rodagem arrancou a 29 de fevereiro de 2024, a data de aniversário do Super-Homem, que James Gunn festejou no dia a seguir anunciando que tirara o "Legacy" [legado] do título. Também Wendell Pierce foi revelado como Perry White, o editor-chefe do jornal Daily Planet.

A 9 de maio, a DC Studios revelou a primeira imagem oficial de David Corenswet como o novo Super-Homem e a produção continuou por várias cidades norte-americanas até 30 de julho. O primeiro trailer, lançado a 19 de dezembro, com uma versão de guitarra elétrica da icónica banda sonora que John Wiliams compôs para o filme de 1978, homenagem assumida por James Gunn e pelo compositor John Murphy, elevou a parada: "com mais de 250 milhões de visualizações e um milhão de mensagens nas redes sociais, ‘Superman’ é oficialmente o trailer mais visto e mais comentado da história da DC e da Warner Bros", celebrava o realizador.

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Portanto, encarado desde que foi anunciado como o filme mais aguardado de 2025 e a dominar o espaço mediático nas últimas semanas, "Superman", com um orçamento na ordem dos 225 milhões de dólares (quase 192 milhões de euros, à cotação do dia), chega finalmente às salas a precisar de corresponder a gigantescas expectativas e ambições.

Além de ser um enorme sucesso de bilheteira, precisa ser recebido como "muito bom" pelos fãs desiludidos com os últimos filmes e o público em geral para relançar os super-heróis da DC no cinema. "Supergirl", o segundo título do plano ambicioso para a DC anunciado em janeiro de 2023 por James Gunn e Peter Safran, chega aos cinemas dentro de um ano. Como resumiu em abril Brent Lang, da revista Variety, esta é a "última e melhor oportunidade da Warner de fazer um filme que rivalize com a Marvel".

Nos últimos dias, James Gunn, um eterno otimista, tem tentado recentrar o debate no filme propriamente dito e não no que está em jogo, dizendo que era ridículo que as receitas de bilheteira precisassem de chegar aos 700 milhões de dólares para ser considerado um sucesso comercial. Esforço que se revelou inglório: o levantamento do embargo após a antestreia mundial na segunda-feira em Los Angeles revelou críticas muito positivas (84% de score positivo entre os críticos no Rotten Tomatoes e 96% entre os espectadores que estiveram nas sessões antecipadas), aumentado outra vez a expectativa.

Uma semana após a estreia estratosférica nas bilheteiras de "Mundo Jurássico: Renascimento", com 322,5 milhões de dólares a nível mundial (147,8 dos EUA e Canadá nos primeiros cinco dias), as previsões conservadores apontam para um arranque em mais de 60 mil ecrãs que ultrapasse os 200 milhões, divididos de forma igual entre o mercado doméstico e internacional. Mas será preciso esperar pelos dias seguintes e o segundo fim de semana antes de se chegar um veredito mais conclusivo sobre "Superman". A seguir, regressa a competição do Universo Cinematográfico Marvel: a estreia de "O Quarteto Fantástico: Primeiros Passos" será no dia 24...

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