Christopher Nolan falou pela primeira dos resultados de bilheteira de "Tenet" durante a pandemia.
Em agosto, o realizador incentivou o estúdio Warner Bros. a avançar com o lançamento de "blockbuster" para ajudar os cinemas a chamar de volta os espectadores.
Foi caso único e visto com muita atenção por Hollywood para ver como corria: com os cinemas fechados ou com capacidade reduzida, os estúdios optaram pelo adiamento dos seus grandes filmes ou, no caso da Disney com a versão em imagem real de "Mulan", o musical "Hamilton" e a animação "Soul", pelo lançamento direto na sua plataforma de streaming.
Com um orçamento de 200 milhões de dólares, estimava-se que o "thriller" de espionagem com John David Washington e Robert Pattinson tinha de arrecadar entre 450 e 500 milhões para ser considerado um sucesso comercial.
As receitas ficaram pelos 350 milhões, prejudicadas pelos cinemas continuarem fechados em mercados importantes nos EUA como Los Angeles, Nova Iorque e São Francisco.
John Stankey, diretor geral da AT&T, que detém a Warner Bros., admitiu que a experiência não foi um sucesso, mas Christopher Nolan analisa de outra forma os resultados obtidos durante a pandemia e avisou que os estúdios vão ter de se "adaptar a uma nova realidade".
"A Warner Bros. estreou 'Tenet' e estou muito feliz que tenha feito quase 350 milhões de dólares", revelou numa entrevista publicada na terça-feira (3) nos Los Angeles Times.
Apesar da satisfação com os resultados de bilheteira, Christopher Nolan acrescentou que os estúdios podem não estar a saber interpretá-los e olhem para o lado negativo para, em vez de se adaptarem, continuarem a adiar as estreias dos grandes filmes que os cinemas tanto precisam para sobreviver.
"Estou preocupado que os estúdios estejam a tirar as conclusões erradas do nosso lançamento — que em vez de olharem onde o filme funcionou bem e como isso lhes pode dar as muito necessárias receitas, estejam a olhar para onde ele não correspondeu às expectativas pré-COVID e comecem a usar isso como desculpa para fazer com que os cinemas fiquem com todas as perdas da pandemia em vez de entrarem no jogo e se adaptarem — ou, por outras palavras, reconstruir nosso negócio", reflectiu.
Acérrimo defensor da experiência de ver filmes nos cinemas, Nolan conclui com um aviso: "A longo prazo, ir ao cinema faz parte da vida, como os restaurantes e tudo o resto. Mas neste momento, toda a gente têm que se adaptar a uma nova realidade".
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