Com estreia marcada no Brasil no dia 25 de Abril, dia histórico para a democracia portuguesa, esta longa-metragem de Varela, inspirada num caso real, tem objetivos sociais, disse o realizador à Lusa.
“Acredito no poder único do cinema, capaz de desencadear debates e reflexões que só o escuro e o silêncio de uma sala nos provocam. Que este filme seja esse lugar onde se ganha coragem, onde sobretudo mulheres, com o suporte necessário e obrigatório, possam identificar e denunciar os seus agressores, sejam eles quem forem”, afirmou.
“Vidro Fumê" parte da ficcionalização de um crime hediondo contra uma estudante norte-americana, que ocorreu no Rio de Janeiro em 2013, para abordar o delicado tema da violência contra as mulheres”, referiu o cineasta português, sublinhando que “os aspetos sociais e raciais ainda constituem fatores de diferenciação entre as vítimas”, tal como a atenção que recebem do poder público e dos média.
Sobre o filme, produzido no Brasil e que resulta de uma coprodução com a norte-americana Belladonna (NY) e com a Grumpy Panda (Portugal), o realizador português referiu que se chama "Vidro Fumê" por causa dos vidros escuros dos carros, que escondem a realidade, que separam e que dividem.
Pedro Varela, que começou como ator aos 16 anos e trabalhou durante 15 anos em teatro, cinema e televisão.
Em 2002 representou Portugal no Festival Internacional de Teatro, no Rio de Janeiro, com a encenação de a “A Barca do Inferno”, de Gil Vicente, constituído por um elenco totalmente brasileiro.
O cineasta referiu que todos os seus projetos “têm uma ligação ao Brasil", país que considera "um lugar imenso de cultura".
Acreditando no poder da língua portuguesa, Varela diz que "não deixa de fora os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP)" e todo o trabalho que pode vir a ser realizado dentro da lusofonia.
O filme, que teve, na semana passada, duas sessões especiais apenas para mulheres, seguidas de debate, no Rio de Janeiro e em São Paulo, estreia-se nos cinemas de todo o Brasil no dia 25 de abril e chegará a Portugal depois do verão.
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