Para quem cresceu fascinado com a história da Disney "A Espada era a Lei" e cravou inscrições numa espada de madeira como as do filme "Excalibur", só pensava que um dia queria ser tão "cool" como o Rei Artur. Só não sabia o que é que isso significava...

Baseado em fábulas e folclore da Escócia, Gales e Inglaterra, que narram as aventuras do rei guerreiro, que de espada em riste era invencível, "Rei Artur: A Lenda da Espada" eleva a essência do realizador Guy Ritchie a uma escala "blockbuster" medieval, misturando o estilo da chico-espertice dos seus filmes sobre gangues, crimes e bandidos, com os caminhos abertos por produtos como "A Guerra dos Tronos" ou os filmes de super-heróis, onde criaturas mitológicas e magia vivem lado a lado com a esperteza de rua e um pequeno grupo terá de enfrentar a grande ameaça sobre-humana...

Com Charlie Hunnam no papel principal, o filme é fantasia, acção e aventura, na viagem de Artur desde as ruas até ao trono, onde os casacos de cabedal são envergados como capas de super-heróis, elefantes gigantes são enfrentados por uma pequena espada brilhante; pequenos grupos de guerreiros preferem enfrentar um exército com as próprias mãos, do que fugirem por um buraco como rato; cobras irrompem por castelos para enfrentar males maiores.

Depois de enfrentar o mago Mordred, o pai de Artur (o mui-nobre Eric Bana) é assassinado por Vortigern (o poderoso Jude Law), que fica com a coroa. Privado do seu direito de berço e sem qualquer ideia de quem realmente é, Artur acaba por crescer da maneira mais dura nas ruas e vielas da cidade. A sua vida sofre uma reviravolta no momento em que retira com sucesso a mítica espada da pedra... e tem de ouvir umas bocas de David Beckham, que continua a dar os seus primeiros toques como actor.

Apoiado pela resistência ao rei, encabeçada por Maga (Astrid Bergès-Frisbey), Bedivere (Djimoun Houson) e Bill (Aidan Gillen) e do seu gangue de rua, Wet Stick e Back Lack, Artur inicia então a sua jornada de herói através de etapas de superação, onde cada uma poderia servir como trailer de apresentação do filme, dada a energia e adrenalina que impera, para assistirmos à sua transformação de mero plebeu em rei guerreiro.

Como primeiro filme de uma nova franquia, "Rei Artur: A Lenda da Espada" pode ser um pouco confuso nas narrativas em si contidas. Várias são as setas lançadas para perdurarem seis filmes: Távola Redonda, os magos e Merlin (de quem muito se fala, mas pouco se vê), a Dama do Lago, as Sereias...

São vários os temas explorados num ritmo intenso, onde as personagens não param de correr e gritar, intervalado com "slow motions" artísticos de grande heroísmo e semblante estóico; diálogos rápidos cheios de jargão e aquela ladainha de intruja, de "quem conta um conto acrescenta um ponto" que se transformam em cenas narradas a voz-off, onde assaltos e invasões têm sempre o seu toque de humor imprevisto... e que devido à cadência alucinante por vezes falha em nos fazer rir.

Mas com uma banda sonora enérgica e empolgante, criada a partir de "hurdy-gurdys", violinos, gaita de foles, berros e grunhos... com electrónica, hip hop e rock... que por si só vale o bilhete de cinema; efeitos especiais de elevado detalhe, cinematografia clara e majestosa, cenas de ação agressivas e de um bailado de câmara característico de uma luta anime... A sério, um combate em "slow motion" contra um elefante gigante, ao som de uma só gaita de foles, editado pelo grande James Herbert ? Quão "cool" é que poderia ser?

Pois agora sei: "cool" como "Rei Artur: A Lenda da Espada".

Autor: Daniel Antero

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