Ove é meticuloso, todos os dias certifica-se que o portão do condomínio está fechado. Ove é picuinhas, todos os dias observa a ferrugem de um sinal de trânsito e vê se está empenado. Ove é clínico, apanha todas as beatas do chão e as suas ações são inspecionadas com olhar do homem do algodão. Ove é rabugento, e nem o rapaz que lhe leva o jornal todos os dias pode andar de bicicleta nos passeios da pequena vila. Ove tem um coração enorme escondido e todos os dias tem o seu hábito imperturbável, antes de ir trabalhar: visitar a campa da sua esposa. Até ao dia em que Ove é despedido. Sem sentido para a vida, o homem chamado Ove só encontra uma solução: o suicídio.

Comédia negra sueca, nomeada para o Óscar de Melhor Filme Estrangeiro, é realizada por Hannes Holm a partir do best seller de Fredrik Bakcman e conta com a presença de Ross Lassgard, o charmoso e insuportável Ove, por quem não conseguimos deixar de sentir preocupação e carinho...porque de forma gradual, assistimos a flashbacks que vão justificando o porquê desta personalidade misantropa...

Cada flashback surge numa nova tentativa de suicídio, apresentando as dificuldades da sua vida, a sua batalha contra o governo, o seu heroísmo, o seu pai, e claro, Sonja: a sua doce e aventureira razão de viver.

Mas o prometido à sua falecida esposa, de que a irá encontrar em breve...não será assim tão fácil...porque a vida teima em pôr-se no caminho. Ou é a corda que usa para se enforcar que rebenta, e Ove vai fazer queixa à drogaria, ou é a nova família que chega para a vizinhança: alegre, barulhenta e descuidada. Tudo o que Ove precisa neste momento.

Devagarinho, Ove retoma o contacto com quem o rodeia, visitando velhos amigos, defendendo-os quando estes são notificados que serão despejados. Ove abriga um vizinho adolescente que é posto fora de casa, porque o pai o rejeitou. Ove ensina a vizinha iraniana a conduzir, levando a uma relação ternurenta, em que até as filhas da nova vizinha o começam a tratar por avô. Ove sai do seu casulo, gradualmente descobrindo uma nova razão de viver.

Vencedor do Prémio de Melhor Comédia nos European Film Awards, Um Homem Chamado Ove é engraçado e comovente, trágico e lamechas, e vê o Ove casmurro redimir-se no seu mote de vida: "O destino é soma total da nossa estupidez".

Autor:
Daniel Antero

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