Em palco estarão comuns residentes das zonas ocidental, oriental, e central da cidade que se reúnem para desenhar o MAPA da sua cidade de forma dramática e poética mas "com o nervo de gente que se procura no lugar".

Integrado no ciclo "Ao Alcance de Todos", "MAPA O Jogo da Cartografia" é coproduzido pela PELE - Espaço de Contacto Social e Cultural, pelo Serviço Educativo da Casa da Música e pelo Teatro Nacional São João, resultando numa criação coletiva com direção de Hugo Cruz.

As "tribos" de várias partes do Porto apresentam-se ao longo de 60 minutos através do Grupo AGE, Grupo Auroras - Lagarteiro, Grupo de Teatro Comunitário EmComum - Lordelo do Ouro, Grupo de Teatro Comunitário da Vitória - Centro Histórico e Grupo de Teatro de Surdos do Porto.

Não é novidade para esta fusão geracional e mescla sociocultural, subir ao palco. Fizeram-no em outubro no Mosteiro de São Bento da Vitória durante três dias e agora regressam com um espetáculo, disse à Lusa o diretor da PELE, Hugo Cruz, "mais amadurecido" apesar de "talvez ainda mais cru".

É que o espetáculo está em "mutação", qual metáfora do próprio mapa da cidade. Hugo Cruz recordou, por exemplo, que na primeira versão o público, ou seja quem estava na Ágora, fazia parte da discussão dando opiniões, participando na tal criação da Polis.

Ora, neste segundo momento, na Casa da Música, esses contributos estão já integrados no enredo: "As críticas mais prementes e mais urgentes foram tidas em conta", garante o responsável.

Além da integração das sugestões da tal assembleia que viu, participou e reivindicou no primeiro desenho do MAPA, Hugo Cruz salienta a adaptação ao novo espaço, uma sala com capacidade para cerca de mil pessoas, e promete alterações do ponto de vista da cenografia e dos figurinos, aspetos novos que permitem "aproximar ainda mais o elenco a cada uma das zonas da cidade que ali está representada".

E eis que se juntam na geografia os músicos dos Coro Clássico do Orfeão Universitário do Porto, Coro Sénior da Fundação Manuel António da Mota, Grupo de Percussão do CIJ - Centro de Iniciativa Jovem - ADILO, Orquestra Comunitária de Lordelo do Ouro - ADILO.

É certo que já faziam parte mas agora, e de acordo com o produtor, gerou-se a um cruzamento "diferente" já que passaram a integrar em pleno a peça.

"Torna-se inspirador. Um coro sénior tem um tipo de pessoas muito diferente do que tem um grupo do Lagarteiro ou do Centro Histórico. Temos, portanto, pessoas com realidades culturais, sociais e económicas muito díspares que nesta segunda fase do MAPA se conseguiram entrosar e aproximar ainda mais", descreveu.

Assim, "MAPA O Jogo da Cartografia" é agora um espetáculo mais próximo de um coro teatral, um coro musical, ainda que as vozes estejam uníssono com o tal texto "mais maduro".

"Esta é a última oportunidade dos portuenses verem este novo MAPA e participarem na construção de uma Polis futura", alertam os responsáveis. É que o espetáculo vai viajar em junho para Lisboa, onde será apresentado no Teatro Nacional D. Maria II, provando que a discussão sobre uma Polis, com sotaque do Porto ou não, tem pontos cardeais universais.

@Lusa