""Com as Minhas Tamanquinhas" " é reeditado pela editora Mais5, no âmbito do plano editorial de recolocação no mercado de 11 álbuns de José Afonso publicados originalmente entre 1968 e 1981.

De acordo com a editora, ""Com as Minhas Tamanquinhas" " é disponibilizado a partir de sexta-feira, dia 25 de novembro, em formato CD, vinil e em digital, "pela primeira vez em todas as plataformas de streaming e download".

A editora explica ainda que o álbum tem distribuição assegurada em Espanha e este ciclo de novas edições chegará também aos mercados discográficos da Alemanha, França e Estados Unidos.

""Com as Minhas Tamanquinhas" foi editado por Arnaldo Trindade, produzido por José Niza e contou com as participações de músicos como Vitorino, Fausto, Quim Barreiros e Ramón Galarza.

O álbum apresenta temas como "Os fantoches de Kissinger", "Como se faz um canalha", "O homem da gaita" e "Os índios da meia praia".

A Associação José Afonso lembra, na página oficial, que ""Com as Minhas Tamanquinhas" é um exemplo da "fase cronista" de José Afonso, editado na "ressaca do PREC", o período que se seguiu imediatamente à revolução de 25 abril de 1974.

Segundo a Mais5, este álbum de José Afonso será apresentado no sábado em Pontevedra, Espanha, e no dia seguinte na Casa da Cultura em Setúbal, onde será exposto o trabalho gráfico e de ilustração de João Azevedo, autor da capa.

As letras deste álbum podem ser lidas no livro "Obra Poética", que a Relógio d'Água publica na próxima semana, reunindo mais de 200 textos líricos, entre poemas e letras, de José Afonso, com organização, prefácio e notas do sociólogo Jorge Abegão.

O livro apresenta-se como a quarta edição revista da obra "Textos e Canções", editado originalmente em 1983 pela Assírio & Alvim, contando agora com "pequenos ajustamentos" e quatro poemas não publicados nas edições anteriores.

São eles "Densa é a escuridão das noites" (1956), "De que lado se faz a noite?" (1960), "Jesus no Horto" (1962) e "Posso desviar a atenção da chuva", sem data.

O livro mantém a ordem cronológica dos textos líricos, escritos entre o início dos anos 1950 e os anos 1980, correspondendo à vontade de José Afonso expressa na primeira edição.

No prefácio, Jorge Abegão afirma que "a obra poética de José Afonso é uma viagem entre momentos cíclicos mais distópicos e outros mais utópicos, um diálogo permanente entre a tristeza e a alegria, o desencanto e o entusiasmo, a solidão e a comunhão coletiva, do mais terreno ao espiritual, mas em todos os momentos, mesmo no grito mais profundo, é o amor fraterno que impera".

Na impossibilidade de falar de todos os textos no prefácio, Jorge Abegão destaca apenas alguns, em particular o primeiro e o último incluídos em "Obra Poética".

"O seu primeiro poema, 'Pela quietude das tuas mãos unidas', é uma profunda reflexão sobre a tristeza e o mistério da morte, e o último, 'Alegria da criação' (1985), é uma reflexão sobre a vida e a alegria da criação, sobre aquele sopro inicial que temporariamente nos visita e nos faz renascer através da inquietação e do desassossego", lê-se no prefácio.

José Afonso nasceu a 2 de agosto de 1929 em Aveiro e começou a cantar enquanto estudante em Coimbra, tendo gravado os primeiros discos no início dos anos 1950 com fados de Coimbra, pela editora Alvorada.

Em 1968 lançou o disco de estreia na editora Orfeu, de Arnaldo Trindade, sob o título “Cantares do Andarilho”.

Até 1981, editou uma série de álbuns que se tornaram marcos da música portuguesa, desde “Contos Velhos Rumos Novos” (1969) a “Fados de Coimbra e Outras Canções” (1981), passando por “Traz Outro Amigo Também” (1970), “Cantigas do Maio” (1971), “Eu Vou Ser Como a Toupeira” (1972), “Venham Mais Cinco” (1973), “Coro dos Tribunais” (1974), “Com as Minhas Tamanquinhas” (1976), “Enquanto há Força” (1978) e “Fura Fura” (1979).

Autor de “Grândola, Vila Morena”, uma das canções escolhidas para senha do avanço das tropas, na Revolução de Abril de 1974, José Afonso morreu a 23 de fevereiro de 1987, em Setúbal, de esclerose lateral amiotrófica, diagnosticada cinco anos antes.