“Mãe Carinhosa” – um inédito, com letra e música de Teófilo Chantre, composto de propósito para a cantora, que o gravou em 2003 – dá título ao CD, editado pela LusAfrica.
Cesária Évora morreu no Mindelo, a 17 de dezembro de 2011, aos 70 anos. Na ocasião, o Presidente de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, afirmou que a cantora “foi uma deusa terrena que, a partir da noite do Mindelo, da qual sempre foi parcela integrante, iluminou o mundo, carregou a dor, o sofrimento, os anseios, a alegria, os amores e os desamores da nossa gente, de todos nós".
Doze dos treze temas do álbum não fazem parte da discografia editada da cantora, disse à Lusa José da Silva, que foi agente artístico de Cesária. A exceção é “Sentimento”, com letra e música de Tututa, que abre o álbum, e já integrou um anterior CD da cantora.
José da Silva disse à Lusa desconhecer se algum dos temas do novo álbum foi já editado por outro intérprete cabo-verdiano, tendo sublinhado, porém, que “totalmente inéditos” são as canções “Emigue Ingrote”, de Jon Luz, composta de propósito para Cesária, e gravada em 2005, assim como “Tchon de França” e “Esperança”, de Nando da Cruz, e ainda a canção "Essencia d’Vida", de Constantino Cardoso.
“Dor di Sodade” e “Talvez”, de B. Leza, “Dos Palavras”, de Humberto “Chicuco” Palomo, e “Quem tem ódio”, de Frank Cavaquinho, também se encontram no novo álbum da Cesária, conforme o alinhamento a que a agência Lusa teve acesso.
Completam o disco os temas “Caboverdeanos d´Angola”, de Gregório Gonçalves, “Cme Catchorr”, de Manuel de Novas, e “Nos Cabo Verde”, de Pedro Rodrigues.
O empresário e agente da cantora revelou ainda à Lusa dispor de temas suficientes para vir a editar um segundo disco póstumo de Cesária Évora, o que "só deverá acontecer dentro de dois ou três anos", concluiu.
A “diva dos pés descalços”, como a imprensa se referiu muitas vezes a Cesária Évora, nasceu na cidade do Mindelo, numa família de músicos.
“Cize” como era carinhosamente tratada pelos amigos, tornou-se no nome mais internacional de Cabo Verde, país de onde o mundo conhecia já músicos como Luís Moraes e Bana.
Desde cedo que Cesária Évora se lembrava de cantar, como referiu numa das muitas entrevistas que deu: “Cantava ao ar livre nas praças da cidade para afastar coisas tristes”.
Aos 16 anos cantava nos bares das cidades e nos hotéis, começando a ganhar uma legião de fãs que a já aclamavam como “rainha da morna”.
Em 1985, a convite de Bana, proprietário de um restaurante e de uma discoteca com música ao vivo, em Lisboa, Cesária Évora deslocou-se à capital portuguesa e gravou um disco, que passou despercebido à crítica, seguindo então para Paris onde foi “descoberta”. Daqui, partiu para os palcos do mundo.
Em 1988 gravou “La diva aux pied nus", álbum aclamado pela crítica, e, em 1992, “Miss Perfumado”, tornando-se, aos 47 anos, uma “estrela” da “world music”, fazendo parcerias com importantes intérpretes e pisando os prestigiados palcos.
Em 2004 recebeu um Grammy para o Melhor Álbum de “world music” contemporânea, pelo disco “Voz d’Amor”, cumprindo então sucessivas digressões e regressando, de vez em quando, à terra natal, onde morreu em dezembro de 2011.
No próximo dia 14 de abril deverá ser inaugurada a Casa Museu Cesária Évora, no Mindelo, na ilha cabo-verdiana de São Vicente.
@Lusa
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