“O primeiro objetivo é sem dúvida nenhuma criar um ambiente de jazz e de festa à volta do festival, de facilitar o acesso do público ao jazz e ajudar a promover os músicos locais. Por outro lado, é também um incentivo para trazer novos públicos, principalmente de fora”, afirmou, em declarações à Lusa, José Ribeiro Pinto, da associação cultural AngraJazz, que promove o festival na ilha Terceira desde 1999.

Os espetáculos com bilhete pago só arrancam a 4 de outubro, mas antes o jazz “desce à cidade”, com concertos gratuitos ao final do dia, na biblioteca, no museu, em cafés e numa loja de eletrodomésticos, uma iniciativa que arrancou em 2017 e tem conquistado cada vez mais adeptos.

“O público tem gostado bastante, ao longo dos anos tem aparecido mais e tem-nos pedido mais. Estamos muito satisfeitos com o Jazz na Rua”, salientou Ribeiro Pinto.

Este ano, o programa do Jazz na Rua integra as bandas terceirenses Sónia Pereira Trio, Bruno Sebastien Quartet e Wave Jazz Ensemble, bem como um quarteto composto por músicos do Coreto Porta Jazz, do Porto, Ricardo Formoso, Hugo Raro, José Carlos Barbosa e José Marrucho.

Os músicos do Coreto participam ainda em duas sessões de divulgações para alunos e numa ação de formação para músicos da ilha Terceira.

Segundo José Ribeiro Pinto, há cada vez mais pessoas de Portugal Continental e do estrangeiro a procurar o AngraJazz e o Jazz na Rua torna a ilha mais atrativa.

“Uma pessoa não precisa de vir cá só para os três dias do festival. Pode vir passar cá uma semana, tem música ao longo da semana, pode aproveitar para pescar, para passear, para jogar golfe ou fazer outras coisas e ao fim da tarde tem um concerto de jazz”, explicou.

A menos de uma semana do arranque do festival propriamente dito, a organização espera “ter casas praticamente cheias ou mesmo cheias”.

Pelo palco do Centro Cultural e de Congressos de Angra do Heroísmo passam, nos dias 4, 6 e 7 de outubro, o quinteto da pianista canadiana Renee Rosnes, o trio do contrabaixista Ben Allisson, o quarteto do saxofonista norte-americano Immanuel Wilkins e a cantora sueca Vivan Buczek.

A participação nacional fica a cargo do Coreto PortaJazz, composto por 12 elementos, e a banda da casa, a orquestra AngraJazz, sobe ao palco com o vibrafonista Jeffery Davis.

“Temos grupos absolutamente fantásticos, este ano outra vez, e, por isso, achamos que o festival tem todas as condições para ser mais um sucesso, ao mesmo nível dos outros”, sublinhou o dirigente da associação cultural AngraJazz.

Ribeiro Pinto destacou Immanuel Wilkins, como “o melhor saxofonista alto do ano”, o Ben Allison Trio, com “três músicos fantásticos”, e Renee Rosnes, “uma grande senhora do mundo do jazz, que vem com um quinteto fabuloso”.

Segundo o organizador do evento, o AngraJazz é “conhecidíssimo” a nível nacional e “considerado como um dos três melhores festivais” do país, “conjuntamente com Guimarães e com o Funchal”.

O salto para o um patamar superior passaria pela contratação de bandas de maior dimensão, mas isso exige mais apoios.

“Se eu quiser trazer uma ‘big band’ dos Estados Unidos são 20 músicos a viajar para os Açores, normalmente de propósito, isso custa um dinheirão. Torna-se impossível fazer isso. É este passo que seria o lógico e o necessário, mas para isso precisamos de ter mais apoios”, alertou.

Com um orçamento entre 110 e 120 mil euros e uma previsão de bilheteira a rondar os 18 mil euros, a associação tinha-se queixado, na apresentação do festival, do atraso dos apoios da direção regional dos Assuntos Culturais dos Açores, mas disse ter conseguido assegurar o mesmo nível de apoio de 2022 (15 mil euros).