Depois de revisitarmososnossos dez álbuns nacionais preferidos da colheita de 2011, damos algum descanso aos discos para nos virarmos para os palcos.

Entre janeiro e dezembro,acompanhámos vários concertos em sala e em festivais e selecionámos os que nos deixaram melhores recordações:

Arcade Fire no Super Bock Super Rock

"Mais do que um concerto, a actuação dos Arcade Fire foi uma experiência colectiva revigorante, tanto que até resistiu a limitações de som. (...) Arriscamos dizer que não houve mesmo um único tema em que o público não cantasse e a força e tom dos coros não andou, por vezes, muito longe de cânticos futebolísticos. Faz sentido: tal como um bom jogo de futebol, também um concerto dos Arcade Fire pode resultar num episódio de comunhão colectiva, com a vantagem do sentimento de pertença não obrigar a disputas clubísticas."

Arctic Monkeys no Super Bock Super Rock

"Alex Turner parecia parco em palavras, mas rapidamente se apercebeu da grandiosa recepção que lhe estavam a fazer. Tocou acordes no chão e agradeceu com vários "obrigado" bem treinados. Emocionou-se, o que não é nada comparado com o êxtase que se vivia. Mas foi em "I Bet You Look Good on the Dancefloor" que se deu uma verdadeira explosão: saltos, empurrões e muita poeira: um grande mosh no qual me vi envolvido. E que bom! A terra no cabelo e a roupa em péssimo estado são um pormenor irrelevante depois de tanta adrenalina."

Bon Jovi no Parque da Bela Vista

"Eram nove e vinte e cinco quando Jon Bon Jovi, Richie Sambora, David Bryan e Tico Torres subiram ao palco para o concerto de encerramento de uma tour de dezoito meses, a Circle Tour. Mal sabiam eles que a emoção dos fãs, face às recentes notícias de uma possível pausa de dois anos, os faria voltar a palco pelo menos duas vezes. (...) Não foram muitas as palavras do vocalista durante o concerto, mas também não eram necessárias. A plenitude da sua atuação, acompanhada de magnificos solos de guitarra de Richie Sambora, falou mais alto e foi com satisfação que o público pediu mais e Jon deu."

Buraka Som Sistema no Coliseu dos Recreios

"Com cerca de uma hora de atraso e perante um público impaciente, os Buraka Som Sistema deram a conhecer o seu mais recente disco. (...) Assim que se começaram a ouvir as primeiras notas ninguém conseguiu ficar quieto. Com Riot e Fred a ditar o ritmo nas baterias e J-Wow a dar largas à sua criatividade na mesa de mistura, o público dançou e cantou do primeiro ao último minuto sob o comando de Blaya, Condutor e Kalaf. (...) Sem as grandes preocupações cénicas que caracterizam os grandes espetáculos, os Buraka limitaram-se a fazer aquilo que melhor sabem: boa música e uma festa memorável!"

Foo Fighters no Optimus Alive

"Dave Grohl chegou ao palco no meio de saltos e gritos. Com o seu inconfundível cabelo escuro e comprido e o seu fio com uma cruz prateada só fazia uma coisa: puxar pelo público. (...) Em ritmo acelerado, o vocalista cumprimentava, finalmente, Lisboa. “Hi! Nice to meet you!” À plateia perguntou se estavam preparados para a música e para o concerto que se avizinhava. Arrotou. Não é bonito, mas é verdade. Era apenas o início daquilo que não poderia ser melhor descrito do que citando o próprio Dave: “a long night”. Deixem-me acrescentar long, long, long (…) night".

Hercules and Love Affair no Lux

"É oficial: os Hercules and Love Affair não foram apenas uma moda sazonal de 2008, ano em que editaram o seu primeiro disco homónimo e, como poucos, alcançaram logo um estatuto de referência dentro da música de dança." (...) Numa sala esgotada, o quinteto doseou de forma inteligente temas dos dois álbuns, entre outros, deixando de lado - e ainda bem - as canções mais calmas de "Blue Songs". Afinal, numa discoteca o propósito era sobretudo fazer dançar, objectivo conseguido logo no arranque e mantido até ao final, sempre com uma fluidez assinalável e quase sem pausas entre os temas."

Kings of Convenienceno RitekParedes de Coura

"Finalmente, o momento de pausa da noite coube aos noruegueses Kings Of Convenience, que levaram a tranquilidade das margens do rio para o Palco Ritek, e se afirmaram como a mais pequena banda (“but trying to sound big”) a tocar em Paredes de Coura - sem dúvida um contraste com a afluência enorme de público. A atmosfera era de reflexão e tranquilidade, com bolhas de sabão a pairar no ar e luzes de isqueiros que acompanhavam os braços, as palmas e os estalinhos (que eram preferência da banda em relação à manifestação anterior do público)."

The Legendary Tigerman no Coliseu dos Recreios

"Quem já viu alguns concertos de Paulo Furtado sabe que o homem-tigre tanto pode soltar um rugido como, pouco depois, ser igualmente directo num episódio mais espirituoso. A noite de ontem no Coliseu de Lisboa não foi diferente e, entre um ou outro comentário menos lisonjeiro - sobretudo a elementos da sua equipa técnica -, também houve momentos onde se mostrou plenamente satisfeito - em especial quando o público deixou a timidez, o comodismo, ou ambos, e se levantou das cadeiras."

Rihanna no Pavilhão Atlântico

"Pela terceira vez em Portugal, a artista dos Barbados trouxe cor, hip hop, sons urbanos e muito R&B a Lisboa. A Loud Tour brindou o público português com temas dos seis álbuns originais de Rihanna onde não faltou calor tropical, danças sensuais e coreografias divertidas. (...) Fez um pedido especial – “Please Don't Stop The Music” – e em seguida subiu para cima do piano para cantar “Love The Way You Lie”. Depois veio “Umbrella” e fotos e autógrafos para os fãs mais sortudos. Ficou a faltar a “S.O.S”, mas “excedeu as expectativas”, dizia uma fã, na casa dos 30 anos, às amiga, à saída do espetáculo."

Scissor Sisters no SudoesteTMN

"Numa noite de excessos, mesmo alguns dos On The Hop não resistiram a tirar a t-shirt e seguir a coreografia de Jake, o ex-gogo boy que junta atitude com sensualidade, numa entrega total aos seus “party fellows”. (...) Ninguém vai esquecer o que aconteceu no palco principal, com rebordo roxo, onde todos passaram a pertencer a uma nova tribo (“we are scissor sisters, and so are you”). (...) O grande trabalho era evidente, e resultou: as coreografias e músicas bem ensaiadas, a alusão ao símbolo nacional, o “cock” de Barcelos, aumentaram nitidamente a libido desta banda. Foi muito bom também para nós, obrigado."

Dez não chegam? Pois não... por isso aqui fica mais uma dezena de concertos que também guardamos entre as boas memórias deste ano:

Cansei de Ser Sexy no TMN ao Vivo

The Chemical Brothers no Optimus Alive

Crystal Castlesno RitekParedes de Coura

Kaiser Chiefs no Optimus Alive

Lykke Li no Super Bock Super Rock

PJ Harvey na Aula Magna

Portishead no Super Bock Super Rock

Primal Scream no Optimus Alive

Pulp no Ritek Paredes de Coura

Snoop Dogg no SudoesteTMN