SAPO: Acham que o DVD consegue mostrar o que realmente aconteceu no Campo Pequeno?
C4 Pedro (C4): Aquele foi um grande espetáculo em termos de produção. Foi um grande show, porque quanto maior for o palco maior a nossa inspiração, então as pessoas têm neste DVD algo fora de série.
Big Nelo (BN): Quem assistir ao DVD vai ter a oportunidade de conhecer mais um pouco os B4. Acaba por ter o "feeling" de como nós somos em palco. É um grande cartão de visita. A satisfação do publico é o mais importante. Por isso, fizemos questão de pedir aos câmaras para filmarem os sentimentos dos fãs, e reparámos que há muitas reações puras. E é gratificante ver que as pessoas foram lá e gostaram. Realmente mostra muito do que se passou nesse show.
C4: E para nós é um orgulho pensar que chegamos a este patamar com um projecto que começou do nada. Vendo o ‘making of’, para nós artistas é significativo, vermos como foi a preparação e quanto custou chegar ali.

SAPO: "É Melhor não Duvidar" é um sucesso gigante. Vocês achavam que seria esse o resultado ou apostavam mais noutro tema para ser o grande sucesso do disco?
C4: Eu pessoalmente não apostava no "É Melhor não Duvidar" para grande sucesso do álbum. A minha onda é mais afro e apontava mais para a música "Mapolopolo". Mas o Big Nelo e o Republicano, de início, disseram que esta seria a grande música...
BN: Tás a ver aquele “feeling de mais velho”? (risos) Eu senti logo que esta era a grande música do álbum quando ouvi o refrão. Aquelas coisas que uma pessoa sente... Porque há músicas boas, mas que não chegam a febre, não se ligam às pessoas. E há outras em que dizes: ”Se isto não pegar, não sei”. E o "É Melhor não Duvidar" era uma dessas. Claro que não esperava esta febre toda, com quase dez milhões de visualizações na internet, isso em três meses. Só temos de agradecer ao público.
C4: A kizomba tem estado a crescer de uma forma incrível. Eu sou daqueles que viveu muito tempo fora de Angola, como o Big Nelo, e vi muitas pessoas a dançar kizomba e muitos angolanos criticavam e diziam que isso não era kizomba. Mas hoje se nós continuarmos assim, Angola vai perder a kizomba como perdeu o kuduro. O kuduro mais famoso no mundo é o "Dança Kuduro", que nada tem a ver com o nosso. Temos de deixar esse espírito de rejeição, porque o que está a crescer é o que é.
BN: As escolas de kizomba ajudam a espalhar o estilo, a nível internacional, e cerca de 90% dos coreógrafos são estrangeiros...
C4: 90% é só para não parecer mal aqui no SAPO, são mais do que isso.
BN: (Risos) Isso para dizer que o pessoal está a trabalhar bem.

SAPO: Este concerto no Coliseu dos Recreios será semelhante ao do Campo Pequeno?
BN: Cada show nosso é diferente. Esse concerto não vai ter nada a ver com o DVD, temos várias surpresas que não vamos desvendar, as pessoas vão ter de ir lá para ver...
C4: Vamos ter muitas surpresas e queremos que seja mesmo surpresa. Claro que vamos anunciar alguns dos convidados. [Rita Pereira, Chelcy Shantel, DJ Dandy Lisbon e DJ Vip são já alguns dos nomes confirmados para o concerto]
BN: Hoje em termos de público o nome B4 está muito mais consolidado. No show do Campo Pequeno não tínhamos os quase dez milhões de visualizações com o "É Melhor não Duvidar" e não tínhamos sucessos a passar na rádio. Funcionou bem. Agora está tudo mais fácil. Durante este tempo temos estado de norte a sul de Portugal, mas não demos shows em Lisboa. Será uma febre no verdadeiro sentido. Vamos gravar um ‘making of’, e gravar sempre os nossos shows. Acho que será um espectáculo que as pessoas não deviam perder.

SAPO: E essa ‘febre’ não passa?
BN: Acho que ainda não existe uma vacina para travar essa febre (B4). É um projeto que acabou por marcar uma época, era para durar só um ano, mas não aconteceu porque ainda não encontraram a cura e enquanto a cura não aparece...
C4: Como se diz lá na ‘banda’: “Está mesmo bom”.

@Edson Vital/SAPO AO