Lisboa foi a cidade escolhida para arrancar a digressão europeia de promoção a “In a World Like This”. A última vez que os Backstreet Boys passaram por terras lusas foi em 2009, na altura sem Kevin Richardson, visto o artista ter abandonado o coletivo em 2006. Assim sendo, este regresso tinha tudo para dar certo: para além de celebrar duas décadas de atividade do grupo, esta digressão trouxe a banda aos palcos novamente em formato quinteto - Kevin está de volta, a família reunida, a máquina bem oleada. Está tudo bem, portanto.

A entrada em palco dos anfitriões, depois de uma primeira parte garantida pelos californianos The Exchange, foi feita ao som de “The Call”, canção retirada de “Black & Blue”, que causou a primeira reação eufórica da noite. Seguiu-se “Don’t Want You Back” e uma celebrada “Incomplete” (com Kevin e Carter a assumirem piano e guitarra, respetivamente). Pouco depois, “All I Have To Give” estendeu a passadeira vermelha a “As Long As You Love Me”, e “Show Me The Meaning Of Being Lonely” antecedeu “Breathe”, canção do novo álbum que A.J. McLean admite ser das suas preferidas (de “In a World Like This” foram ainda interpretados temas como “Madeleine”, “Love Somebody” e “Show ‘Em (What You’re Made Of)”, todos eles, à exceção do single homónimo, a serem recebidos de forma algo tímida pelos presentes).

Já a meio do concerto, e com a plateia deixada completamente em êxtase com o alinhamento escolhido, altura para acalmar o ambiente. Sentados em bancos altos colocados no centro do palco, com o intuito de simular uma sala de ensaios, os cinco músicos atiraram-se para um momento acústico que deu uma nova roupagem a “10.000 Promisses”, “Madeleine” e “Quit Playing Games (With My Heart)”, com este último a ser completamente abafado pelo coro uníssono do público. Kevin nas teclas, A.J. no cajón, e os restantes colegas nas violas acústicas mostraram que o seu talento não reside apenas no canto e na dança (durante o espetáculo não houve coreografia que falhasse um milímetro que fosse), mas também na instrumentação.

O precioso lugar cedido ao palco principal para esta reportagem - num dos camarotes de frente para o palco - permitiu tirar uma boa fotografia ao ambiente da sala. Na plateia de pé, completamente à pinha, são várias as pessoas que erguem cartazes com dedicatórias, outras tantas usam laços luminosos na cabeça que, vistos de longe, fazem lembrar pirilampos mágicos embriagados de euforia. Na plateia sentada, são vários os que ignoraram por completo o assento e dançam ao som dos clássicos dos norte-americanos. A festa está instalada, e não se concentra num sexo e numa faixa etária apenas. Há homens, mulheres, grupos de ambos os sexos e muitos casais (algumas prendas do dia dos namorados que ficaram em banho-maria), repartidos por várias idades, ou não fosse “Everybody (Backstreet’s Back)” a única música do coletivo norte-americano que os homens de “barba rija” admitem - ainda que numa hipótese muito remota - gostar.

Como seria de esperar, foram os clássicos da banda os principais responsáveis pelos momentos de júbilo mais intensos da noite. Começando em “The One” (loucura… Eles dizem que adoram Portugal; Portugal desfaz-se em gritos e aplausos), passando por “Shape of My Heart”, “I Want It That Way” (mais loucura… Há roupa interior feminina - contámos pelo menos dois pares - a voar em direção ao palco), e culminando em “Everybody (Backstreet’s Back)” e “Larger Than Life” (mais e mais loucura… Há dezenas de folhas A4 no ar agradecer este regresso a terras de Camões). Por fim, depois de uma atuação que esteve impecável a todos os níveis, o coletivo ainda convidou os presentes para um after-party na discoteca Main, na Avenida 24 de Julho, em Lisboa. Imagine-se como é que isto acabou.

Texto: Manuel Rodrigues

Fotografias:João Paulo Wadhoomal © Agência Porto 2014