Esta definição do que é uma canção é do próprio Carlos Tê e serve quase de nota de intenções de todo um percurso na música portuguesa, quase sempre na invisibilidade com escritor de canções.

No espetáculo «Carta Branca a Carlos Tê», o autor convidou vários músicos e cantores a interpretarem letras que interpretou em quase trinta anos, desde «A balada da Fiandeira» (1982) (para Rui Veloso) a «A missa do Galo» (2010), para um musical.

No grande auditório do CCB estarão os Clã, Cristina Branco, Rui Veloso, acompanhados de Manuel Paulo, Mário Delgado, Alexandre Frazão e Zé Nabo.

No palco estará também o próprio Carlos Tê, 56 anos, menos habituado a ser o centro das atenções.

O repertório escolhido irá evitar o óbvio, disse à agência Lusa.

«Serão canções menos conhecidas, mas serão aquelas que não são velhas nem novas, que fazem sentido num palco em 2011 e que resistiram ao tempo», explicou.

Mesmo que esse tempo hoje tenha sido varrido por uma «onda avassaladora de consumo», onde a música pop já não tem o mesmo impacto que tinha há trinta ou quarenta anos, quando Carlos Tê ambicionava ser músico e não letrista.

«Não há nada numa canção que hoje não possa ser dito num blogue ou no facebook. Desvalorizou-se muito a música pop, que antes vivia nas extremidades do mercado e agora está no meio. Hoje não há nada na periferia», disse.

Feita esta «Carta Branca», Carlos Tê irá terminar um livro, que se junta à faceta de escritor, em títulos como o romance «O voo melancólico do melro» e «Contos Supranumerários».

@Lusa