
A orquestra inclui imigrantes músicos de locais tão distintos como Tunísia, Brasil, Senegal, Índia, Estados Unidos, Equador, Cuba e, obviamente, Itália, num total que pode ir até aos 22 músicos, embora no Porto a banda em palco deva ter em palco 14 elementos.
Tudo começou em 2002, no bairro de Esquilino, onde se situa a praça Vittorio Emanuelle II, uma zona onde, como afirma o músico Pino Pecorelli, em entrevista telefónica à Lusa, “os italianos são uma minoria”. O maestro Mario Tronco iniciou o projeto “com a ideia de fazer só um concerto, mas, até agora, já fez mais de 500 por todo o mundo”, lembra o músico.
Até agora, o conjunto editou três discos, “L’Orchestra di PIazza Vittorio” (2003), Sona (2006) e “Il Flauto Magico secondo L'Orchestra di Piazza Vittorio” (2010) - este último uma reinterpretação do clássico de Mozart, a “Flauta Mágica” - e deverá editar mais um álbum de originais este ano. Serão, aliás, as músicas deste disco, que se irá chamar L’Isola de Legno [A Ilha da lenha], que deverão servir do suporte ao alinhamento do concerto no Porto.
Mas o que toca a Orchestra? “No início, era um repertório de canções tradicionais de cada país, a banda ainda não tinha a sua identidade. Só há uns anos os músicos começaram a escrever uma música pensada e organizada para as pessoas que tocam na banda. Não é world music nem é folk, nós gostamos de lhe chamar uma música bastarda, porque tem um pai incerto”.
O trabalho da Orchestra di Piazza Vittorio já foi reproduzido por mais de 15 bandas em Itália e já deu frutos mesmo em Portugal, com o maestro Mario Tronco e Pino Pecorelli a ajudarem a criar em Lisboa, a Orquestra de Todos, com o apoio da Câmara Municipal e da Fundação Gulbenkian.
“A pesquisa durou mais de ano e meio”, lembra Pino Pecorelli, que afirma que a “ideia nunca foi a de uma cópia da Ochestra, até porque a imigração em Portugal é muito diferente de da Roma, porque, antes de tudo, tem uma história mais antiga, devido à colonização”.
Segundo afirma, encontram músicos que “eram ao mesmo tempo imigrantes e portugueses, porque já moravam aqui, há muito tempo e falavam português”. A Orquestra de Todos é diferente “porque a cidade é diferente e as pessoas são diferentes. Roma é um ponto de encontro de um mar muito pequeno, Lisboa é um ponto de partida para um outro mundo”.
@SAPO/Lusa
Comentários