O concerto de terça-feira à noite, com inicio às 21h00, no Coliseu dos Recreios, em Lisboa, abriu num tom suave, a duas vozes e dois instrumentos, pelos Sweet Billy Pilgrim, e só terminou três horas depois, com uma sala rendida à energia a talento de Jamie Cullum, que veio apresentar o novo álbum, "The Pursuit".

Com quase 31 anos, o cantor britânico tem a energia de um miúdo e é notória a satisfação com que cada música é interpretada. Acompanhado por um leque magistral- bateria, trompete, “sax”,contrabaixo e guitarra -, Jamie Cullum passava do seu piano - no inicio, em tom de brincadeira, pediu desculpa ao público por ser o único pianista transpirado - para o meio do palco, sem parar, variando entre as canções do seu novo álbum e outras dos anteriores.

Da noite, que começou bem e acabou melhor, três momentos a destacar, para além dos risos que ia roubando aos seus ouvintes por tiradas que dispunham bem: pela oitava música, Cullum ficou sozinho em palco e mostrou dotes de “beatboxer”, acompanhado de um piano e de um sintetizador; a interpretação de "I get a kick out of you", desta vez apenas ele e o violoncelista, num casamento perfeito ao som do puro jazz e, a terminar, o momento alto da noite.

A plateia transformou-se em palco para os cinco músicos e Jamie Cullum cantou "Cry me a river" – famosa na voz de Justin Timberlake - sem recorrer ao microfone e com os músicos em fundo. A reacção do público, que nem sempre conseguiu manter em silêncio o seu entusiasmo, perturbou, por algumas vezes, um momento sem dúvida,mágico.

O "vintage" é moda e Cullum sabe, de forma magistral, redesenhar o jazz e os blues, actualizando-os sem os perder, chamando assim uma geração a quem Sinatra pouco diz e uma outra que, de certa forma, recorda os “monstros” destes géneros com carimbo americano.

Texto @Inês Henriques

Fotos@ David Oliveira

Videoclip de "Don't Stop the Music" (cover de Rihanna):