Tanto ao lado dos Commotions, em inícios dos anos 80, como a solo, percurso que mantém desde inícios de 90, Lloyd Cole tem tido sempre um acolhimento considerável em palcos portugueses. "Acho que talvez seja por causa da melancolia", revela o britânico ao tentar encontrar uma explicação para o culro de que é alvo por cá. "Sou um apaixonado pelo fado e creio que a minha música também tem muito do seu sentimento", sublinha.

Uma questão de melancolia

"Na Inglaterra vitoriana, a melancolia era encarada como uma doença, e de certa forma é a doença que sempre tive. Não consigo livrar-me dela", confidencia ao abordar o novo disco, "Broken Record". "É melancólico, como todo o meu trabalho", conta. Mas não é só isso. "É um disco à antiga, quase sem a interferência de computadores. Fui buscar quase todos os meus músicos favoritos de discos anteriores só para o gravar", continua."Não sei se alguém precisa de mais um disco de Lloyd Cole", brinca, explicando que a forma como os cria é simples: "faço discos quando tenho canções suficientes e no final do ano passado apercebi-me de que já as tinha".

Disco novo nas lojas, não tanto nos concertos

Emborao músico traga umálbum novo, osespectáculos são outra coisa. "Os concertos não são sobre o disco, mas sobre um trabalho de 27 anos. Tocaremos cerca de 24, 25 canções por noite e talvez seis sejam do novo disco", esclarece. E para estes, Cole promete ainda "um trabalho de iluminação sem grandes variações e um espectáculo mais centrado na música do que na imagem". Ou seja, com a sobriedade que sempre o acompanhou e seguidor da lógica "menos é mais". "Embora possa parecer que não planeámos a iluminação nem a forma como nos apresentamos, não é esse o caso", salienta.

Haja decoro

"Temos de pensar na forma como nos apresentamos", defende,criticandosituações onde isso não ocorre. "Moro numa pequena cidade de Massachusetts e há muitas novas bandas nas proximidades que até são boas. Mas muitas delas não pensam na forma como se apresentam, vão para o palco de t-shirt e calções. Acho que nunca se deveria usar calções a tocar", lamenta, provando que, além de melancólico, também continua directo e assertivo. Ou seja, quem gostou de Lloyd Cole até aqui - e não foram poucos - não deverá sentir-se defraudado nestes cinco concertos por cá:

14 de Outubro | Porto, Casa da Música
21:00 | 30€
15 de Outubro | Guimarães, CAE São Mamede
22:00 | 20€ a 25€
16 de Outubro | Estarreja, Cine Teatro
22:00 | 18€ a 25€
17 de Outubro | Sintra, Sintra Misty, CCOC
21:00 | 20€ e 30€
19 de Outubro | Coimbra, TAGV
21:30 | 22€ e 25€

Lloyd Cole foi, juntamente com Manel Cruz, o editor convidado do SAPO Música a 1 de Outubro, Dia Mundial da Música.

@Gonçalo Sá

Videoclip do novo single, "Writers Retreat!":