Contrariando as declarações de Álvaro Covões, da Everything is New, que garantiu, em Agosto passado, a realização do concerto dos Arcade Fire na data prevista, o gabinete do secretário-geral do Sistema de Segurança Interna (SGSSI), responsável pelo planeamento e coordenação de toda a operação, veio agora, segundo o “DN”, revelar estar já assente a não realização do espectáculo.

Ainda segundo o diário, a estrutura de missão para a organização e planeamento da cimeira, sediada no Ministério dos Negócios Estrangeiros, já informou a administração do Pavilhão Atlântico desta proibição, uma vez que, nas palavras do secretário-geral do Sistema de Segurança Interna, Mário Mendes, o concerto “compromete a segurança” do evento.

Contudo, o conselho de administração do Pavilhão Atlântico já fez saber, através de comunicado, não ter ainda nenhuma “informação sobre o eventual cancelamento de algum concerto no Pavilhão Atlântico em consequência dos preparativos da cimeira da NATO”, na qual estarão presentes 28 chefes de Estado e governos dos membros da Aliança Atlântica, entre os quais o Presidente norte-americano, Barak Obama.

Também Álvaro Covões diz desconhecer esta decisão, adianto, não obstante, ser impossível, a cerca de um mês do concerto, cancelar o evento: “Nesta altura é impossível o concerto não se realizar. Quase todos os bilhetes estão vendidos, a vinda da banda está confirmada e, para alterar isso, os prejuízos são enormes. Estamos a falar de avultadas somas que teriam de ser pagas aos Arcade Fire para os indemnizar do cancelamento, bem como devolver o dinheiro aos milhares de pessoas que já adquiriram entradas”.

O responsável máximo da Everything is New referiu ainda, em declarações ao “DN”, acreditar ser possível realizar a cimeira e o concerto em simultâneo, desde que sejam tomadas as devidas medidas de contingência (como a delimitação da zona e o controlo dos acessos), já experimentadas, aliás, em situações anteriores, em que se realizaram concertos e reuniões de chefes de Estado de alto nível no Parque das Nações ao mesmo tempo.

No entanto, a PSP mostra-se relutante a esta hipótese, sublinhando, em declarações aos mesmo jornal, que “as exigências de segurança para este encontro não têm precedentes no nosso país”, sendo assim “totalmente incompatível” a realização do concerto dos Arcade Fire. Isto porque o Pavilhão Atlântico está localizado no primeiro perímetro de segurança, estando a sua utilização, bem como a de toda a área adjacente, interdita, de forma a que as equipas de inactivação de explosivos possa efectuar o seu trabalho, quer a nível de superfície, quer a nível de subsolo.

Além do concerto da banda canadiana, também o de Shakira (que deverá acontecer três dias depois) poderá ser cancelado ou adiado, ainda que essa probabilidade seja mais reduzida. Segundo Mário Mendes, embora este levante, igualmente, “alguns problemas de segurança, estes poderão ser minimizados através da adopção de algumas medidas específicas de controlo e articulação”.

Sara Novais