Após o concerto, o ex-vocalista dos Fingertips falou com o Palco Principal sobre o novo disco, nas lojas a 20 de Junho.

Confiran a entrevista em baixo.

Palco Principal - Como foi voltar a gravar um álbum ao fim de tanto tempo afastado das edições?

Zé Manel - Foi aquilo por que eu mais ansiei nos últimos anos. Trabalhei tanto, esperei tanto, quis tanto isto que, não sei, ainda estou a digerir tudo. Estou bastante feliz. Finalmente estou a fazer as coisas como eu quero, como eu gosto, com uma equipa que acredita nas minhas ideias e isso é de uma realização pessoal incrível e de uma responsabilidade muito grande também.

PP - Foste tu,enquanto membro da banda,que escreveste as letras para os Fingertips e todas as letrasde "Borderline Personality Disorder"são igualmente compostas por ti.O quedistingueo processo criativo dos dois projectos?

ZM - Tudo é diferente. Este disco é o encerrar de uma década de vida. Eu tenho músicas neste disco, comoa Define Joy oua Loney Room, que foram escritas em 2005. Retratam, portanto, coisas que se passaram há já muito tempo. Costumo dizer que escrevo sobre o que me magoa, e, de facto, transformar essas fases menos boas em músicas que duram para sempre é um processo muito gratificante. A grande diferença é que não há nada neste disco que eu não quisesse ali, que eu não desejasse ali. Eu cantei, eu compus as músicas ao piano sem nunca ter tido uma aula de piano e, como tal, é muito gratificante ver que aquilo que eu idealizei na minha cabeça se tornou realidade.

PP -Foi grande a evolução pessoal ao longo deste últimos anos?

ZM - Sim, claro que houve uma evolução, mas espero que essa evolução se note, essencialmente, a nível musical e que as pessoas percebam que, com muito trabalho e com muita vontade, se consegue sempre fazer mais e melhor. Nesse sentido, sou um bocadinho masoquista, tenho necessidade de exigir sempre mais de mim. Mas, se não o fizesse, nunca me sentiria um bom profissional e eu gosto de me sentir um bom profissional. Estou muito orgulhoso.

PP - Que assuntos pretendeste abordar no novo álbum?

ZM - Histórias variadas. Como digo, é o encerrar de uma década de vida. Tenho uma música chamada Anymore, que foi escrita numa altura em que eu me dava menos bem com o meu pai, em que eu queria vir para Lisboa, em que achava que iria mudar o mundo e não percebia que os desejos dele advinham das suas preocupações. A The Death, por sua vez, foi escrita para a minha avó, porque, na altura em que ela morreu, não falava com ela. Não quis ir ao seu funeral, não quis vê-la enquanto estava no hospital e hoje em dia arrependo-me profundamente. O disco fala sobre tanta coisa que me marcou... É engraçado que, hoje em dia, passado tanto tempo, já não oiço estas músicas com mágoa, pelo contrário: oiço-as com um enorme prazer.

Ana Cláudia Silva