A parceria estende-se também ao escritor Valter Hugo Mãe, sempre presente em discos anteriores do músico.
A ideia, explicou Paulo Praça em entrevista à agência Lusa, surgiu em 2022, durante a digressão de apresentação do seu livro-disco “Onde”.
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“Durante a digressão fiz uma série de concertos só com piano, acompanhado pelo Eurico Amorim, e, na altura, percebi que não só as canções ganhavam outra dimensão por serem despojadas de qualquer tipo de arranjo musical e ficavam na simplicidade do piano, como ao mesmo tempo, pelo facto de estar focado 100% na voz, a minha interpretação ganhou outra dimensão. Portanto, aí comecei a pensar na possibilidade de fazer este disco.”
A ideia foi a de fazer “um disco em que o piano seria o protagonista e editar as canções desta forma, mas depois senti, durante o processo em que comecei a trabalhar os arranjos com o Eurico, que era a altura [de cantar em duo], até porque sempre gostei de fazer duetos, e as canções poderiam chegar a um lugar mais longe. Achei que era o momento para fazer este disco e acabei por convidar estas maravilhosas cantoras com quem tive o prazer e privilégio de partilhar o estúdio”, acrescentou o músico que em todos os seus álbuns tem incluído duetos.
Paulo Praça gravou com Sónia Tavares, Mónica Ferraz, Nicky Wells, Nitin Sawhney, Ana Deus, Joana Amendoeira, Lika, Xana Abreu, Cat, Diana Martinez, Uxia e As Patrícias SA (Patrícia Antunes e Patrícia Silveira).
O escritor Valter Hugo Mãe assina, neste álbum, seis dos dez temas, entre os quais “Ladainha”, uma “canção sustentada em coro” por Praça, a cantautora cazaque Lika, a residir em Portugal, e Diana Martinez.
Todas as canções têm música de Paulo Praça e, além de Eurico Amorim, no piano e sintetizadores, e de Paulo de Praça, em voz, sintetizadores e viola braguesa, outro músico participante é Carl Minnemann, no contrabaixo, na canção “A minha terra” (Simão Praça/P. Praça), interpretada com a cantora galega Uxia.
Paulo Praça assina a produção com Eurico Amorim, e a mistura, no Miramar Sessions Studio, é de João Bessa.
Referindo-se a “Ladainha”, canção com a qual fecha o alinhamento do álbum, Praça disse: “É curioso, pois eu costumo dizer, que se não é o mais pequeno, é um dos poemas mais pequenos do mundo, e é seguramente dos poemas maiores e de uma profundidade incrível, sempre de uma pertinência, principalmente nos momentos tão delicados que vivemos nos dias de hoje. E tem o arranjo musical… é uma homenagem a uma banda que admiro imenso, os Beach Boys, e Brian Wilson”.
Sobre a colaboração do escritor de “Deus na Escuridão” (2024), Valter Hugo Mãe, Praça disse que é “seu parceiro de vida, mesmo antes desta parceria somos muito amigos há muitos anos, e é um enorme privilégio de o ter a escrever para mim, desde ‘Disco de Cabeceira’”, o seu primeiro álbum.
“Se há alguém que tem o poder de elevar não só a palavra, mas a música também, é sem dúvida o Valter Hugo Mãe”, enfatizou.
“O Baloiço” (Gisela João/P. Praça) é outra canção do álbum, que Praça interpreta com a “gigante Sónia Tavares”, sua companheira na banda Amália Hoje, com Nuno Gonçalves e Fernando Ribeiro.
O encontro com Gisela João foi “um acaso” proporcionado pelas redes sociais onde a fadista escreveu um texto que inspirou Paulo Praça. Os dois assinam a letra.
A primeira canção que Gisela João gravou, num disco de Pierre Aderne, é da autoria da Praça, recordou.
Relativamente a Sónia Tavares, “uma das vozes maiores da nossa música”, o músico realçou à Lusa o facto de ser “a primeira vez que faz uma parceria em disco, sem ser com os The Gift”.
A Sónia Tavares “é perfeita e quando escrevi a canção, foi para ela”, afirmou.
Quanto à escolha das cantoras, o músico tinha uma lista, pensada em função da voz ideal conforme a canção "e, de facto, é um puzzle perfeito, porque foi fazendo sentido". "Durante o processo dos arranjos fui percebendo qual a canção para quem: esta é para a Sónia [Tavares], esta é para a Xana Abreu, esta é para Uxia, e outras ficaram definidas pouco tempo depois", afirmou.
Com a inglesa Nicki Wells, que colaborou com Nitin Sawhney, Praça gravou “A vida começa agora” (V. Hugo Mãe). Com Mónica Ferraz, dos Mesa, “Diz a verdade” (V. Hugo Mãe), e com Joana Amendoeira, “A mesma canção” (Nuno Miguel Guedes).
Paulo Praça só vai começar a apresentar este seu novo álbum ao vivo, no último trimestre deste ano, pois 2024 será “muito preenchido” com espetáculos dos Amália Hoje, no ano em que comemoram 15 anos do seu primeiro disco, além de se assinalarem os 25 anos da morte de Amália Rodrigues.
Um dos espetáculos de Paulo Praça, já agendado, é no Teatro Municipal de Vila do Conde, no dia 25 de outubro.
Paulo Praça tem colaborado com vários grupos e artistas, como Três Tristes Tigres, GNR, Pedro Abrunhosa e The Gift. Fundou os TurboJunkie, Grace e Plaza.
A solo, Paulo Praça editou três álbuns: “Disco de Cabeceira” (2007), “Dobro dos Sentidos” (2010), “Um Lugar Pra Ficar” (2019), aos quais se junta o livro/disco “Onde” (2020).
Tendo em conta todos os projetos de que fez parte, incluindo os Amália Hoje, o músico já gravou mais de 20 álbuns, tendo trabalhado com produtores como Ken Nelson e Brian Eno.
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