2010 não foi um ano fácil para os Interpol. Editaram o quarto disco, homónimo, que não foi muito bem recebido pela generalidade da crítica, e enquanto o gravaram ficaram sem o baixista Carlos Dengler, talvez a figura mais carismática da banda. No álbum sucessor quem assumiu o papel de baixista foi o vocalista Paul Banks, o que acabou por tornar o grupo num trio.
Quando surgiram, em 1997, os Interpol faziam parte de um conjunto de bandas de Nova Iorque que estavam a tomar o mundo de assalto, dos quais os Strokes foram outro dos nomes mais destacados. Em 2002 surge "Turn on the Bright Lights", o primeiro disco e para muitos o melhor da banda até ao momento.
"El Pintor" pode não ser um "Turn on the Bright Lights 2" (o que até é de louvar), mas é sem duvida um dos álbuns mais aconselháveis dos Interpol. É um regresso arrojado, enérgico e cheio de boas canções.
Guitarras estridentes, baixo com os dentes cerrados, atitude punk e a voz molengona (não é defeito, é feitio) de Paul Banks: é assim que entramos no disco, ao som de "All The Rage Back Home".
"My Desire" é carregado de ritmo tanto na bateria como no baixo. As guitarras continuam estridentes e com várias camadas. "Anywhere" é pós-punk com atitude e completa um trio de temas inicial que nos prende e faz querer ouvir o que se segue. Embora a energia baixe em alguns momentos, como em "Same Town, New Story" ou "My Blue Supreme" - este um dos melhores de "El Pintor" -, o álbum não perde consistência nem interesse.
Canções como "Breaker 1" dão-nos vontade de ver a banda ao vivo. Cheio de intensidade e a mostrar um grupo a fazer o que faz de melhor, com um som que lhe é tão caracteristico e que continua a fazer sombra aos imitadores dos últimos anos.
E sem darmos por isso chegamos ao final do álbum com "Twice as Hard", embalados pelo mar de guitarras distorcidas, a bateria lenta e o cantarolar preguiçoso de Banks. Há coisas nos Interpol que não devem mudar.
"El Pintor" é, curiosamente, um anagrama do nome da banda. Uma banda aqui igual a si própria, com os elementos e qualidades que lhe reconhecemos, mas também ligeiramente transfigurada, como o título do disco sugere. Os Interpol regressam e em boa forma, num disco que promete ser explosivo ao vivo e que fará reacender o amor de muitos. O nosso, pelo menos, já foi devidamente reconquistado...
@Edson Vital
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