"Uptown First Finale": a colaboração de Stevie Wonder e Andrew Wyatt é suave, mas chega para iniciar este álbum da melhor forma. Calmamente, somos introduzidos à sonoridade simultaneamnete apaziguada e explosiva de "Uptown Special". Quem conhece Ronson do trabalho que fez com Amy Winehouse sabe bem daquilo que o produtor é capaz: este som hipnotizante coberto de jazz, não fosse Wonder o convidado maior deste album. É ele quem abre e fecha este arranque convidativo.
"Summer Breaking": continuando a onda calma de início de álbum quando ainda se está a tentar montar as peças que vão sustentar as grandes batidas prestes a chegar,a canção traz a voz tímidoa de Kevin Parker (Tame Impala) que, apesar de não serem especialmente fortes, cativam. Não estamos numa festa, mas na praia, no final de tarde cheio de preguiça que nos leva a descansar nas dunas. Mas o verão tem um fim: “Summer is gone | You're gonna need someone | To break your fall”.
"Feel Right": se "Uptown Funk" já vos conquistou, então esperem até que "Feel Right" chegue aos vossos ouvidos. Com a participação do ofegante rapper norte-americano Mystikal, "Feel Right" leva o groove deste álbum até outro nível: é mais enérgica do que a batida de Bruno Mars, menos pop mas com a mesma capacidade rítmica de fazer o pé mexer e bater ao mesmo tempo. “I'm the Artist, the Godfather still hard as a rock!”, canta Mystikal no início. Agree!
"Uptown Funk": talvez já estejamos fartos de a ouvir no rádio ou na televisão, mas a verdade é que este single é muítissimo bem construído. Primeiro: tem Bruno Mars, esse prodígio da música pop que sabe fazer uma homenagem a Michael Jackson sem que este diga ‘Thriller!’. Segundo: tem uma batida contagiante que nos faz querer acompanhá-lo e aos seus companheiros na dança. Terceiro: tem excelentes vozes de acompanhamento que levam a faixa a ser uma das melhores do álbum.
"I Can't Lose": mais vozes de ir ao céu ao lado de uma harmonia funk que nos faz lembrar outras épocas, outras pistas de dança. Nesta faixa Ronson dá uma oportunidade a Keyone Starr, uma cantora em ascensão que mostra aqui que não vai perder no jogo da música: “I can't lose, I can't lose when I'm 'round you”, canta acompanhada daquele que é talvez o melhor instrumental do álbum.
"Daffodils": Kevin Parker regressa com a sua voz para dar alma a esta canção. A voz enigmática de Parker confunde-se com uma batida mais eletrónica neste tema que parece uma resposta ao anterior: em "I Can’t Lose" uma voz feminina canta sobre uma situação de amor; agora é a vez de Parker cantar de volta a pedir amor. "Daffodils", uma flor com o formato de trompete... não podia ser mais adequado.
"Crack In The Pearl": Andrew Wyatt, músico norte-americano, emparelha-se com Ronson para este tema que só nos deixa com questões: “Is this how you pictured it? | Is this how you thought it would be?” Mais introspetiva e baladeira do que as restantes, com sons a tornar a experiência algo aterrorizante, a canção é um um momento de descansar, para apreciar enquanto vemos fotos de Las Vegas.
"In Case Of Fire": Ronson aumenta o rock do álbum com outra parceria com mais um norte-americano: Josh Bashker. Uma canção a falar das abençoadas ‘bad girls’: “Bad girl | With good moves | Big dreams | But a little confused”. Um vaguear de considerações que corre bem, é assim este fogo que perdura até ao fim do alinhamento.
"Leaving Loz Feliz": mais familiar do que as restantes, deixa-nos com um sorriso mal ouvimos os primeiros acordes. Kevin Parker faz aqui a sua terceira investida no álbum e, por cá, é considerada a melhor. O inglês mistura-se com um espanhol que lhe dá um ar tropical e único, numa das melhores canções do álbum.
"Heavy and Rolling": é difícil ser a sucessora de "Leaving Loz Feliz", que nos trouxe uma sonoridade diferente depois da melodia base funk/groove/jazz que pauta o álbum todo. No entanto, esta canção até consegue manter a aura do disco em cima. Não nos deixa eufóricos, mas o bem construído refrão intercalado com os instrumentais de Ronson deixam-nos pelo menos livres e esperançosos para ouvir a última canção do alinhamento.
"Crack In The Pearl, PT II": Stevie Wonder, como dissemos acima, abre e fecha o álbum. Junta-se a Jess Bashker para fechar a porta numa confusão de memórias, vozes e melodias. Apesar de não ser a melhor forma de terminar o disco, dá um belo adeus a quem aproveitou cada segundo da nova (e melhor?) festa de Ronson. Ainda bem que voltaste, Mark!
@Tiago Varzim
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