Videoclip de "Krafty", single do disco anterior, "Waiting for the Sirens' Call" (2005):
"I'll Stay with You" também nos sugere que, mais do que qualquer antecessor, este é um disco de reconhecimento e não de surpresa, começando logo pela primeira palavra cantada por Summer: "hey", interjeição que já conhecíamos bem de, pelo menos, dois temas de "Waiting for the Sirens' Call", "Hey Joe" e "Hey Now, What You Doing". Percorrendo o alinhamento, essa primeira impressão adensa-se num registo que tanto podia ser de 2013 como de 2003 ou 1993, mantendo intacta a fórmula da banda: um pop-rock por vezes dançável, alicerçado no cruzamento de guitarras, sintetizadores, teclados e, até aqui, o mítico baixo de Hook. Nesta altura, seria legítimo esperar outra coisa? Não muito, e ainda menos num disco de sobras guardadas há anos e, também por isso, anacrónicas.
Se "I'll Stay with You" seria um bom candidato a single, "Sugarcane" segue as pisadas radiofriendly com um compasso mais dançável, mas longe de memorável. O crepúsculo de "Recoil" e a viagem inspiradora de "Californian Grass", em modo contemplativo, compõem uma primeira metade do disco que nunca chega a arrancar, mesmo com o tom algo encorajador da faixa de abertura.
É precismo chegarmos a "Hellbent" para encontrarmos um tema que nos encha as medidas: não sendo canção para juntar aos clássicos dos New Order, é, de longe, o mais próximo disso que "Lost Sirens" tem para oferecer, mérito de um refrão forte, quase épico, e da coesão do que está à volta, desde a confiança da voz de Summer à energia instrumental, nascida de camadas elétricas e eletrónicas bem doseadas (com apoteose num final iniciado pelo baixo de Hook e atmosfera a lembrar os Cure num "A Forest" mais eufórico).
Outro momento a reter, "Shake It Up" é igualmente marcado pelo contraste de dinâmicas rítmicas, da abertura etérea aos salpicos de guitarras, passando por uma marcha dançável comandada por Summer. Mais linear, "I've Got a Feeling" lembra-nos que este é um disco desequilibrado, devolvendo os New Order à sua zona de conforto, e "I Told You So (Crazy World Mix)" dá novas cores a um original de "Waiting for the Sirens' Call", atirando-o para domínios entre o narcótico e o psicadélico. A abordagem lembra algumas experiências dos Primal Scream em meados dos anos 1990 mas é apenas curiosa, apreciação que pode aplicar-se, aliás, ao resultado de "Lost Sirens": uma curiosidade de interesse variável (por vezes questionável) que merece ter lugar na coleção dos fãs sem nunca se impor como objeto especialmente interessante para o resto do mundo. Ficamos, então, à espera da verdadeira nova ordem, talvez ainda algures durante este ano...
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