Um dos singles do novo álbum de Paulo Gonzo chama-se “São Gestos” e é a primeira música de um alinhamento homogéneo e bem ao estilo a que o artista tem habituado os portugueses. “O (teu) brinquedo”, o segundo avanço, tem rodado nas principais rádios nacionais, como também já é hábito a cada novo trabalho do músico.

Mais uma vez, as letras objetivas, com uma aposta forte em frases-chave, juntam-se à carismática voz de Paulo Gonzo, resultando em temas agradáveis com refrões de ficar no ouvido. É disso exemplo “Quem faz por ti o que eu faço?”, o refrão do segundo single.

À pop suave, para ouvir no rádio do carro, juntam-se a soul e os blues, num regresso às origens (Go Graal Blues Band foi a primeira banda de Paulo Gonzo). Em “Beijo casual”, o cantor traz-nos uma calma tremenda e uma proposta bem aliciante de relaxamento, enquanto “Negra” interrompe definitivamente o estilo musical predominante, com a participação especial de Tito Paris. As guitarras blues iniciam “Sei de mim” – uma música mais pujante e audaz com princípio, meio e fim.

“Eu quero contar o que me vai aqui no coração”: de facto, o disco não foge ao tema do amor. Habilmente aparece um piano para dar mais emoção à balada e o paralelo com êxitos antigos é inevitável. “Deixa-me entrar”, por exemplo, soa a pedido de admissão nos “Jardins Proibidos”. A associação é clara.

O discurso direto presente em todas as músicas (e estilo da discografia de Paulo Gonzo) tornam este álbum mais um passível de endereçar como uma carta. Há coerência no conteúdo das músicas; os apelos são constantes e sintetizam-se todos na última faixa, “Vem”.

Paulo Gonzo não muda no essencial, mas acrescenta alguns pormenores interessantes que valorizam o álbum, e traz mais algumas expressões sonantes para o léxico musical português. O passeio pelo soul e pelos blues dá frescura ao disco. Chega às lojas a 21 de novembro mas já pode ouvir-se no Musicbox.

@Pedro Pereira

Videoclip de "São Gestos":