Mais de 18 anos depois de editar o álbum de estreia, Boss AC continua a inovar. Agora regressa com um disco totalmente gravado com a sua “tropa”, banda que o acompanha na estrada há quase dez anos.
De cada vez queentra em estúdio esperam-se sucessos que dominem as rádios e andem não só nos ouvidos, mas também na boca de que as ouve. Não é uma expetativa sem fundamento: basta lembrar “Princesa (Beija-me outra vez)”, “Baza, Baza” ou “Estou vivo”, canções que foi deixando para a posteridade. Para provar que quem sabe não esquece, o primeiro single de “AC para os Amigos”, “Sexta-feira (Emprego Bom Já)”, é um excelente cartão-de-visita e tem sido tratado como tal por um público que já o agarrou.
O nome do disco surge de forma natural. “AC para os Amigos” porque “é um álbum de amigos para amigos”, disse-nos o músico. Boss AC soube guardar aquilo que tem feito de bom - podemos contar com letras sinceras, diretas e atuais ao lado de melodias descontraídas. Outra caraterística dos seus trabalhos discográficos é a diversidade e neste LP ouvimos inúmeras influências - ecos de Cuba, do Brasil, até do gospel norte-americano.
Algumas canções rapidamente ganham destaque. “Gajo normal”, logo ao início, fica no ouvido pelo groove e coesão da banda. O refrão, orelhudo, prende-nos à primeira - e depois da segunda estrofe já o estamos a cantar. Este foi, aliás, um dos temas que Boss AC cantou ao vivo na redação doSAPO com a sua banda.
“Tu és mais forte” é um dos temas mais sólidos, conta com a participação do grupo gospel Shout e tem potencial para ser um futuro single - lembrando outras canções do MC como “Eu’tou aqui”, do álbum “Rimar contra a Maré”.
“O primeiro alvo dessas músicas, com mensagens encorajadoras, sou eu. São recados que dou a mim próprio porque as coisas nem sempre correm bem. Na verdade, apesar de serem recados para mim, as pessoas identificam-se com essas mensagens”, afirma.
“Dor de Barriga” chega com o convidado cubano, Raul Reyes, e uma sonoridade também muito latina que convida à dança. Como é habitual nos trabalhos de AC, o amor está presente e é num desses temas que surge Rui Veloso a cantar o refrão - em “Deixou-me”, outra faixa que tem cara de single. O piano e a guitarra fazem companhia às vozes e o "pai do rock português" junta-se à canção de forma perfeita.
Quase a terminar, aparece mais um convidado de peso, o rapper brasileiro Gabriel o Pensador. Dois pioneiros do hip hop nos seus países fazem “Um Brinde à Amizade” e mostram porque são bons com o microfone num dos melhores momentos do álbum.
Apesar de gravado com a banda, todo o disco foi totalmente produzido por AC. “O meu processo criativo é muito solitário, mas a banda tem um papel na parte dos arranjos. Penso a música no seu todo e depois, quando vamos para estúdio, aí sim é um processo coletivo de troca de ideias“, conta o MC.
Estas novas músicas estão prontas para serem levadas para a estrada, foram pensadas para serem tocadas ao vivo e o resultado parece ser prometedor. Trataremos de o confirmar em breve. Por agora, o disco, pelo menos, já está ganho.
Entrevista @Edson Vital/ Imagem @Gonçalo Sá e Magda Wallmont/ Edição @Magda Wallmont
Boss AC sucede a artistas como Aurea, José Cid, Dead Combo, Sérgio Godinho, Rita Redshoes, Maria João, Clã, Zé Pedro, David Fonseca, Peaches, Lloyd Cole, Manel Cruz, Ana Moura e The Legendary Tigerman como editores do SAPO Música. Vamos continuar a convidar figuras marcantes das mais diversas áreas do panorama musical português e internacional para que tragam o seu conhecimento e as suas opiniões ao site, enriquecendo-o com a sua experiência e visão do mundo da música.
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