Pelo meio, tempo para uma pequena apresentação. “Por favor, permitam apresentar-me, sou um homem de fortuna e requinte…”, canta convicto, de pulmões bem abertos, ao som do conterrâneo Mick Jagger. Disso, ninguém duvida, parece-nos. “Prazer em conhecer-vos, espero que adivinhem o meu nome”, remata, antes de regressar, por breves segundos, ao mega êxito de “You’ve Come a Long Way, Baby”, de 1998, para então partir na habitual viagem pelos hits que aqueceram as pistas de dança de todo o mundo ao longo das últimas décadas. O seu nome? Todos o sabem de cor e gritam-no ao desafio, entre passos de dança inusitados, como se dúvidas ainda restassem.
Numa romaria que se estendeu por quase três horas, foram muitos os notáveis que marcaram presença, embalados pelas batidas frenéticas de Sir Norman Cook. Manu Chao trouxe-nos Clandestino, Celeda, o mítico The Underground. Michael Jackson brindou-nos com Billy Jean, os Nirvana – já habitués nos sets delirantes do «rapaz gordo esguio» - com Smell Like Teens Spirit, Moby com Go, e Adele (seriously Fatboy?!?) com Rolling In The Deep.
A música cantada em bom português (do Brasil) também não foi esquecida e chegou-nos através das vozes de Salomé da Bahia, com Outro Lugar, e de Sérgio Mendes, com Mas Que Nada. As investidas mais dançáveis foram-nos oferecidas por Danzel, com a batidíssima Put Your Hands Up In The Air, por Soul Central, com Strings of Life, por Benny Benassi, com Satisfaction, ou por Robin S, com o clássico Show Me Love.
Os mais apreciadores da faceta de produtor de Fatboy Slim vieram como que de mãos a abanar, pois, contrariamente ao que nos tem habituado nas suas visitas ao nosso país, foram poucos – e muito breves – os momentos de revisitação de repertório próprio, com a acapella de Dub Be Good to Me, do projeto paralelo Beats International, e uma versão de Turn On, Tune In, Cop Out, dos Freak Power – outra das experiências de Norman Cook em estúdio, com Ashley Slater e Jesse Graham – a juntarem-se a Praise You, repescada no final, em jeito de despedida, nos exemplares da noite.
Os mais atentos terão, por ventura, acabado a noite a questionar-se: “Mas não era suposto ser esta uma apresentação intimista, distante dos devaneios musicais de festivais, beach parties e afins, mais exigente tecnicamente, mais exploratória e menos fácil ao ouvido?”. Ainda assim, ninguém pareceu importar-te, verdadeiramente, com o prometido não devido. É o que se chama de Sympathy for the Devil…
Texto: Sara Novais
Fotografia & Vídeo: Filipa Oliveira
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