Nascido em 1948, Wazimbo é reconhecido desde a década de 1960 como um dos cantores fundamentais da marrabenta, estilo urbano desenvolvido em meados do século XX no sul de Moçambique. Entre 1979 e 1995, foi o vocalista principal da Orquestra Marrabenta Star de Moçambique, com a qual gravou dois discos pela editora alemã Piranha, que o apresentaram ao público mundial. A sua carreira a solo conta já com dois álbuns (“Makwero”, de 1998, e “Nwahulwana, de 2001) e está previsto um novo para este verão. Em palco, é capaz de nos derreter com uma balada como “Nwahulwana”, a sua canção mais conhecida, e de dar cadeiras aos ouvintes mais descadeirados com a sua música de dança feita com guitarras, percussão tradicional e metais. Passa pelo FMM Sines a 19 de julho.

No mesmo dia, atua Al-Madar. O ensemble Al-Madar é um projeto da New York Arabic Orchestra, liderada pelo libanês Bassam Saba, multi-instrumentista virtuoso e um dos mais respeitados professores das músicas árabes. Em Sines, será acompanhado por quatro músicos, dois dos quais - April Centrone (bateria e percussões) e Timba Harris (violino e trompete) - estiveram em Sines em 2011 com os alternativos Secret Chiefs 3. Os outros dois são Gyan Riley (guitarras) e Brian Holtz (baixo elétrico). Trazem-nos música árabe fundada em três mil anos de tradição mas moldada pela experiência rítmica nova-iorquina. No plano de viagem há um mapa - o disco “Wonderful Land” (2010), de Bassam Saba - mas espaço à aventura, através da arte árabe do improviso - o “taqsim” - e da liberdade de músicos que falam todas as línguas.

Juntos há mais de dez anos, os sete instrumentistas da banda finlandesa Frigg, todos com treino clássico, desenvolvem um estilo de música próprio - o Nordgrass, que é uma combinação de folk nórdica, bluegrass americano e elementos de música irlandesa. Têm cinco discos (o sexto deve chegar este verão) e muita estrada debaixo dos pés, em especial junto dos públicos dos EUA e do Canadá. Tocam sobretudo composições próprias, embora mantendo ligações ao repertório tradicional. Os quatro violinos (Alina e Esko Järvelä, Tero Hyväluoma e Tommi Asplund) são o rosto sonoro e cénico do grupo, mas não teriam a mesma potência sem o contrabaixo de Antti Järvelä, a guitarra de Tuomas Logrén e o bandolim, cistre e gaitas de Petri Prauda, que ajudam a dar fogo a uma das bandas mais refrescantes do festival. Passam pelo FMM Sines a 20 de julho, no mesmo dia que Clorofila.

Jorge Verdín (Clorofila), baseado na cidade de Tijuana, na fronteira entre o México e os EUA, é um dos expoentes do “nortec”, música de dança onde se fundem ritmos e sons da música nortenha e de banda com música eletrónica e instrumental. Clorofila integra o coletivo de DJs Nortec Collective desde 1999 e esteve presente como músico e diretor de arte nos álbuns “The Tijuana Sessions Vol. 1” (2001) e “Tijuana Sessions Vol. 3” (2005). Nortec Collective, que desde 2007 não tem atividade como grupo, continua a viver através dos projetos individuais dos seus DJs: em 2008, Sines recebeu Bostich e Fussible, e, em 2012, é Clorofila, com o ensemble de metais Los Mezcaleros de la Sierra. O seu álbum a solo, “Corridos Urbanos” (2010), reflete a sua visão pessoal do género, que integra baixo, guitarras e arranjos de cordas experimentais.

A 21 de julho passam pelo certame Shangaan Electro. Conhecido do público europeu através de uma compilação de 2010 da editora britânica Honest Jon’s, o projeto Shangaan Electro foi criado em 2005. É uma transformação digital, com uma aceleração acima das 180 batidas por minuto, do shangaan tradicional da província sul-africana do Limpopo. Nozinja (ou “Dog”) é o líder e o faz-tudo do grupo: dono do estúdio e da editora do Soweto onde os Shangaan Electro gravam, olheiro, engenheiro de som, compositor, motorista, cantor… Em palco é ele o MC, tendo à sua frente bailarinos com vestes entre o tradicional e o clownesco num combate de dança supersónica que não dá descanso a pernas e a glúteos.

Nascida em 2003, a banda Dubioza Kolektiv é constituída por sete elementos que começaram a fazer música nos abrigos subterrâneos, durante a guerra na Bósnia. Funde folclore bósnio com hip hop, reggae, dub e rock e tem um caráter de intervenção política assumida. O lançamento do seu álbum “Firma Illegal” (2008), manifesto contra a corrupção, foi feito em frente ao parlamento bósnio, e, em 2010, trabalharam para aumentar a participação dos jovens nas eleições. Hoje são uma das bandas ao vivo mais populares da Europa de Leste, nomeados para um prémio IMPALA e vencedores do melhor “act” do Adriático nos prémios MTV EMA 2011. Com “Wild Wild East”, o seu sexto álbum, de 2011, vão pôr Sines a dançar, a 26 de julho.

Os bilhetes para o festival de World Music, que comemora este ano a sua 14ª edição, custam entre €15 (ingresso diário) e €65 (entrada permanente) e serão colocados à venda nas próximas semanas, na Ticketline.

Sara Novais